27 de maio de 2008

"não era a mim que vinhas"


Porque não respondes? Passas por mim, aceno-te e tu finges não perceber. Insisto, num 'boa tarde!' que ouviste com toda a certeza e mesmo assim voltas a ignorar o cumprimento. Diz-me, que peso carregas aos ombros? Quem te quer mal? Quem cuida de ti agora? Responde às minhas perguntas. Dana-te, mas não encenes não perceber que é a ti que me dirijo.

Não tens rosto. Desististe dele, porque são sem afeição as tuas feições. O que transportas nesse saco verde? Vais continuar sem querer saber de mim? Espera... viste-me. Diriges-te a mim. Não me peças nada, não tenho nada para ti. Só queria que respondesses ao meu 'adeus'. Estas de passagem, tal como eu, e fui simpático, nada mais.

... afinal não. Não era a mim que vinhas. Não tens horas marcada, pois não? Fazes esse ar indiferente a tudo, mas no fundo estás sozinho no mundo, acertei? Ninguém te espera e tu, francamente, já não esperas ninguém. Então e eles? Ah, não querem saber...

És cinzento, como as roupas que trajas. És cinzento e velho e eu talvez tenha pena de ti, apesar de não me teres acenado e isso, perdoa, eu não te perdoo.

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