28 de setembro de 2007

O Tal & Qual


Hoje morreu mais um jornal. O Tal & Qual, fundando em 1982 por Joaquim Letria, fez chegar às bancas o derradeiro número, de uma história que se escreve com 1423 primeiras páginas.

Quando surgiu, ainda virgem, nos quiosques, num clima completamente diferente, muito mais propício a quem queria fazer jornalismo (mas jornalismo mesmo), o jornal propôs-se a mudar o panorama da imprensa em Portugal. Os fundadores sabiam que bastava acreditar ser possível criar um produto para lá do institucionalismo dominante.

A minha relação com o defunto T&Q remonta aos primeiros anos de vida do jornal: Assim que aprendi a ler, aprendi a lê-lo todas as sextas-feiras. O meu pai comprou-o desde o primeiro número. "Faltaram-me um ou dois", comentou. "É obra", respondi-lhe. Quem não lhe seguiu os primeiros anos não vai perceber o que significou o logótipo em tons laranja, que também foi programa de televisão.

A publicação de 'cachas' que abalaram a moral de um país cinzento, de velhas de bigode, costumes pacatos e promiscuidade disfarçada não é 'cousa' que se apague da memória colectiva.

Recordo-me sempre da história da D. Branca e ontem voltei a passar em revista as páginas desse número histórico.Na última década, o Tal & Qual tornou-se uma sombra de si mesmo. Perdeu entusiasmo, ao mesmo tempo que deixou fugir a garra que lhe deu lugar certo nas manhãs das sextas. Desinvestiu-se no jornalismo pensado, trabalhado.

O semanário fez-se folhetim, relator da notícia rápida de secretária. Com uma redacção presa ao imediato, a irreverência do desprendimento foi rapidamente substituída pela imediato da transcrição.

Um jornal fechado em si mesmo é um produto igual a tantos outros. O jornalista refém da redacção, sem a autonomia da pergunta, a exigência do confronto, é um gestor de conteúdos, obrigado a dactilografar 28 páginas do que quer que seja.

Jornais que abrem e jornais que fecham são a consequência natural de um mercado pequeno, armado em gente grande. Num país que não lê, no meio de um 'povão' que não quer, simplesmente, saber, ser-se medíocre é fácil. O problema é ser medíocre, convencido de que se é bom.

Nos últimos anos vi fechar a Capital, o Comércio do Porto, o Independente e agora o Tal & Qual. Todos eles desapareceram por um motivo: Não tinham leitores e sem leitores não há vendas, sem vendas não há publicidade, sem publicidade não há receita, sem receita não há jornal. Em comum, o facto de terem sido grandes à sua escala e deixarem a grandeza escapar.

O Miguel Esteves Cardoso disse certo dia que um jornal não tem que durar para sempre. Acrescento que é preferível desaparecer no momento em que deixa de fazer sentido. Reinventar um jornal só porque sim é condena-lo a um lento definhar, a uma morte dolorosa.

Como jornalista, acredito hoje um pouco menos na profissão. Tenho pena, essencialmente, pelos oito colegas que aguentavam 9000 exemplares vendidos. Eles, agora, como eu, um dia, vão passar recibos verdes para outro lado.

27 de setembro de 2007

LEAVE BRITNEY ALONE!

O rapaz que aparece no video é um fã de Britney Spears. Muito emocionado com o que tem acontecido em torno da sua quenga, o jovem decidiu expressar ao mundo tanta indignação.

Rapaz, lidar com os problemas é o primeiro passo para a sua resolução.

26 de setembro de 2007

Leave Britney alone... por favor

O post que devia estar aqui, está em cima por mera parvoice do autor.

Não podia ter apagado este? Podia. Mas assim não tinha com auto flagelar-me

25 de setembro de 2007

Diz ele e digo eu

"No nosso país não há homossexuais"
Disse Mahmoud Ahmadinejad.
"Na minha empresa também não"
Digo eu.

23 de setembro de 2007

Conselho laboral

Sempre que o vosso chefe proferir uma ordem considerada disparatada, a resposta a dar é a seguinte:

"Oh chefe, isso é jactância de ardilosos palradores ao serviço da bazófia ululante de certa cáfila arisca!"

20 de setembro de 2007

A propósito da saída de Mourinho do Chelsea


Diz a Segurança Social que as condições para atribuição do subsídio de desemprego são as seguintes:

- Ter estado vinculado por contrato de trabalho

Confere. Tinha um contrato e até bastante cobiçado.

- Verificar-se inexistência total de emprego.

Confere. Está desempregado, tem mulher, filhos e uma cadela para sustentar.

- Estar em situação de desemprego involuntário.

Confere. Ele diz que saiu de livre vontade, sabemos que é mentira. Foi corrido pelo 'padrinho'.

- Estar inscrito para emprego no Centro de Emprego da área de residência.

Confere. Fonte do centro regional de Setúbal já confirmou ter recebido a inscrição do treinador português, que deve agora iniciar formação intensiva de italiano.



Por outro lado, diz a legislação em vigor que o subsídio de desemprego diz respeito a 65% da remuneração de referência. Assim, tendo por base os €10 000 000 de ordenado auferido por Mourinho, o valor mensal do subsídio deve rondar os €541 666, contas por alto.

Rotina

Quando saio de manhã, por esta altura do ano, ainda é de noite. Nos 100 metros entre a porta do prédio e o estacionamento, trajecto para demorar 20 segundos a percorrer, gosto de olhar as janelas iluminadas. São vulgarmente cozinhas e quartos de dormir. A luz branca adivinha leite morno e pão quente, ao passo que o estore a meio tom preconiza um sonolento vestir.

No primeiro andar, duas almofadas refrescam do suor nocturno dos seus ocupantes. Fronha branca, sempre.

Do lado de lá, uma senhora que passeia o cão. Sempre à mesma hora, no mesmo local. Veste um roupão branco e calça uns chinelos. As noites deve estar mais frias: passou o Verão todo a mostrar as pernas e hoje saiu à rua de pijama comprido.

Ao virar da esquina, o senhor do R/C, segurança, veste fato cinzento, gravata vermelha, entrincheirada em camisa branca. Põe a Renault a trabalhar enquanto espera mulher e filha.

Faço que digo bom dia ao cenário matinal. Afinal, são as primeiras pessoas acordadas que encontro às 6:45. Há tantos anos que acordo às seis, que deixei de ter sono. Menos, por certo, do que o sujeito mal vestido que espera o autocarro para Cacilhas, curvado sobre si mesmo, fisgando o que sobra do orvalho da noite.

Deles conheço o rosto, um ou dois hábitos e pouco mais. No essêncial, são meus vizinhos e é tão reconfortante sabe-los ali, como inquietante imaginar quebrada a rotina.

Faço a curva e entro na nacional. Daí em diante é estrada, urbanidade e pouco mais.

17 de setembro de 2007

Sócrates nos EUA: evidência

A propósito da recepção de José Sócrates na Casa Branca, fui só eu a achar que o Primeiro tem problemas com a lingua inglesa? É que depois da novela com a cadeira de Inglês Técnico, o homem não ficou muito bem da fotografia.

Digam-me se isto não é hipotecar o futuro do país:

Procura-se:
- Empatia desportiva (especialmente Futebol)
- Disponibilidade para trabalhar em todos os seguintes turnos de forma rotativa (Turno 1: 10h00 às 14h00; Turno 2: 14h00 às 19h00; Turno 3: 19h00 às 24h00) e ao fim-de-semana
- Conhecimentos de informática na óptica do utilizador
- Forte sentido de responsabilidade
- Facilidade de aprendizagem.

Local: Linda-a-Velha
Duração: 6 meses
Oferece-se: Subsídio para Despesas (150€)

Excelente ambiente de trabalho

Disponibilidade: Imediata






Já o disse aqui uma vez, num artigo sobre o estado do jornalismo. As empresa de comunicação que desconsideram o facto humano, abdicam da força da vontade, pelos trocos da necessidade. Vai mal a profissão e mal vai o país.
Porque é que os manifestantes anti-transgénicos têm todos aspecto de quem fazia melhor figura se aproveitasse a água da rega para tomar banho?

14 de setembro de 2007

A propósito do "murro" do seleccionador nacional ao jogador da Sérvia

Ricardo Araujo Pereira comentou dia 13 a cena de pancadaria:




Dia 14 voltou a comentar:




Os videos têm a sua piada, até porque ele é, em geral, engraçado. Agora, Ricaro, amor, a tua t-shirt é igual nos dois videos. Tu não mudaste de roupa de quinta para sexta-feira?

O membro do Tony Ramos

O Tony Ramos tem pelos até no...

13 de setembro de 2007

Ainda a polémica do campo de milho transgénico invadido no Algarve: O video da entrevista de Mário Crespo a Gualter Baptista

Dias depois de um grupo de meninos mimados ter usado da cobardia, ofuscada pelo anonimato dos panos que poupam aos pais a vergonha de terem criado um filho para aquilo, para destruir um campo de milho transgénico, Mário Crespo levou Gualter Baptista ao Jornal das 9, na Sic Notícias.

A entrevista resultou em algum polémica, com alguns conservadores da profissão ou simples opinadores do todo, pedagogos de um jornalismo travestido de isenção, a demonstrar incompreensão pelo tipo de entrevista conduzida pelo experiente pivot.

Devo dizer que admiro o Mário Crespo. Conheço-o pessoalmente, embora não tenha trocado com ele mais do que palavras de circunstância. O jornalismo do Mário Crespo, ao melhor estilo norte-americano, viola 90% das regras do jornalimo de academia. Contudo, o que ele fez foi perguntar àquele sujeito, homem de ideias que chocaram o país, o que devia ser perguntado.

Crespo conseguiu fazer aquilo que eu próprio procuro fazer quando exerço: quebrar protocolos e perguntar o que o decoro impede. No caso, pecará pelo exagero de estílo. Ganha, certamente, na substância.

Editei o original da entrevista, com mais de trinta minutos, apresentando no video que acompanha o post um compacto de cerca de oito minutos. A ver e tirar conclusões.

12 de setembro de 2007

Devia ter sido médico (ou serei apenas um grande idiota?)

As séries são coisas fantásticas. Hoje em dia são tão bem escritas, realizadas, pensadas que quando gostamos de um formato e o seguimos, é melhor do que um bom filme... não acaba nunca.

Por ordem de preferência, estas são as "minhas":








Na animação, duas escolhas:


11 de setembro de 2007

O Palma e a Linda (ai linda, ai linda)

Um tal de Filocas pegou no single do Palma, Encosta-te a Mim, e decidiu que o tema era a banda sonora perfeita para uma homenagem à Linda, quem quer que ela seja. Reparem no decote, nas formas, nos lábios e no sinal. Podia ser mais perfeito? Não podia.

10 de setembro de 2007

Morrer

A morte de alguém ligado à cultura e às artes é momento de climax na blogosfera. Os bloggers deliram com o tombo de alguém famoso. É no fundo a oportunidade de ouro para fingir uma personalidade iluminada pela nata pensante. Recentemente, foi assim com Prado Coelho e depois com Pavarotti.

O país que vê os teledramas da TVI é o mesmo que consegue encontrar emoção na morte das elites?

A mim soa-me tudo a oportunismo intelectual.

T2


Então e a campanha de credito à habitação do Millennium BCP?

Primeiro, se o Ricardo Azevedo não tivesse sido vocalista dos Ez Special, nunca teria gravado um disco pela Universal. As faixas são, em geral, de uma linguagem que só encontra paralelo nas redacções que eu fazia na 3ª classe.

Segundo, de entre todos os temas mediocres, o "Pequeno T2" é o pior.

Terceiro, que banco (ou que agência) imagina uma campanha publicitária baseada na ideia de que com o Millennium BCP vamos todos virar a vida de pernas para o ar, esforço necessário para comprar um pequeno T2. Então eu 'boto' as tripas de fora e o máximo que consigo é um apartamento com dois quartos? Ponho os putos a dormir num beliche? E se me nasce um casal? Por favor, para casas pequenas vou aos classificados do Correio da Manhã, não ao banco.

Como se não bastasse a casa apertada, sobra a história do "carro com tecto de abrir". Toda a gente sabe que os carros com tecto de abrir ficam cheios de lixo e cocó dos pombos.

Ao Ricardo resta o consolo de ser a única estrela de publicidade a escolher "ser feliche".