21 de novembro de 2008

Notas de Angola IV

E bom fim-de-semana.

Nota: Por um erro de paginação, não verificado na revisão, o artigo "4" ficou misturado, a dada altura, com o "3". Assim, a vossa leitura deve terminar em "intenção", no penúltimo parágrafo. O erro não foi meu, mas ficam com as minhas desculpas.

(clicar para ampliar)

20 de novembro de 2008

De ler

Eu escrevo, não é? E depois de ter escrito, leio. E depois de ter lido, corrijo. E volto a ler. Às vezes até leio uma terceira vez.

Depois de ler publico. Tem dias em que não publico.

Se publico, leio.

Leio e acho que falta qualquer coisa.

Acho que falta qualquer coisa e nunca acrescento nada.

Aculturação

Desde que vim para Angola a minha vida mudou radicalmente. O meu visual também.

Efectivamente

Neste blog não se fala de futebol, a não ser que Portugal perca 6-2 com o Brasil. Como esta madrugada...

17 de novembro de 2008

Carta à tua fé

Tu,

Não tenho memória da primeira vez que entrei numa igreja. Era muito novo, isso sim (semanas, talvez). O meu pai foi catequista vários anos, a minha mãe estudou num colégio de freiras e toda a família manteve sempre uma grande vivência católica.

Fiz a catequese (os tais 10 anos) e foi com naturalidade que se comentou o facto de, aos 16 anos, ter decidido ser catequista. E fui (ou sou, ainda) catequista até não há muito tempo.

Por isso, as linhas que se seguem falam mesmo de fé. É que, apesar de ter experimentado um pouco de tudo na igreja - além de catequista, fui leitor, voluntário e outras tantas coisas - só em 2004 descobri o verdadeiro sentido da palavra.

De facto, ter fé é mais do que um acto religioso. Pode sê-lo, sim, mas não o é necessariamente. Ter fé é, também, muito mais do que um exercício de crença. É uma entrega à certeza. Certos de um caminho, de uma opção, feita palavra, entregamo-nos a ela. Confiamos-lhe a nossa vida e deixamo-nos levar, sem reservas.

Dizia-te que, em 2004, quando ouvi falar de Taizé e enquanto fui descobrindo o dimensão do movimento (a grandiosidade da simplicidade) encontrei, também eu, o sentido da minha fé.

É impossível viver sem fé em alguma coisa. Esse acto de aceitação deixa-nos tranquilos. "Sim, creio".

O desafio de Taizé é uma vida em confiança. Trata-se de uma comunidade de monges que vivem em pobreza, não longe de Lyon. Ela foi fundada pelo irmão Roger, com o objectivo de ajudar os refugiados da Segunda Guerra Mundial. O altruísmo deste homem comoveu outros, que se lhe juntaram na demanda da justiça humana. Apesar das dificuldades com que se deparou, Roger nunca desistiu. Acreditou. Teve fé. Percebeu também que é "o essencial que torna a vida comunitária possível".

Ter fé é, por isso, também, não resignar. Uma forma de louvar o não conformismo. Encontrar, na crença, um impulso para a mudança. Fazer da possibilidade uma certeza.

Nada é tão definitivo que seja eterno.

Se fosses gente de fé em Deus dir-te-ia que Ele está a caminhar a teu lado, que Cristo pega em ti ao colo (e recordo-me das "Pegadas na Areia"). Não sendo - não és, pois não? - privo-te que quando te sentires ausente de amparo eu próprio pegarei no teu corpo exausto e levo-te até um lugar seguro.

Desiste do que quiseres, só não desistas de ti. Tem fé.

N.

A minha empresa dá-me tudo

Quando cheguei a Angola foram-me buscar de Lexus. Hoje trouxeram-me a casa assim...

14 de novembro de 2008

Incertitude

E depois desapareceu. Não deixou rasto, não fez sentido, sentindo-se, contudo. Ainda há pouco estava por aqui e agora, surpresa, partiu para parte incerta e é nessa “incertitude” – é um neologismo, sim - que a inquietação se retém.

Não há partes incertas. Não existem, não são reais. As partes incertas - olá boa tarde, muito prazer - são apenas desconhecidas por quem procura.

Portanto – já me apresentei? – dispenso justificações, clarividências ou demagogias. Também passo essa tentativa de conforto, que mais não é do que um exercício de retórica. Não me convenço assim tão facilmente. Incertamente, a parte incerta há-de estar em qualquer lado. Só se lhe desconhece o paradeiro. Não à parte, mas à coisa que está na parte… incerta, pois.

A coisa que à e a coisa que há é incerta como e na parte incerta – afinal já nos tínhamos mesmo apresentado - pois.

Dá-me jeito saber de ti. Até porque não estás incerta. Eu é que não conheço a tua certeza.

'A Kiss is Not a Contract'

Oh Raminhos, porra que isto é mesmo bom pá!

11 de novembro de 2008

Chuva de Verão

Raio de sol beija a pele de uma criança que ri
Há tanto tempo que a àgua da vida não caía aqui.

Obrigado, S.


5 de novembro de 2008

Obrigado

E mesmo que seja apenas por algumas horas, por dias ou meses. Se não passar de uma ilusão, se, ingénuos, acreditarmos que é mesmo possivel mudar, então que nos bastem esses fragmentos de tempo.

Se lhe faltarem outros atributos, eis o homem que tem o poder de fazer a humanidade sonhar.

3 de novembro de 2008

Acabei de pronunciar uma frase que é digna de figurar neste blog, contudo, porque amo a vida, não a vou transcrever. Disse.

A casa (em Angola)

Em Luanda, o projecto Nova Vida construiu um imenso bairro, com dezenas de prédios que variam apenas na tipologia dos apartamentos. É aí que moro. MJ1, o meu prédio.

O objectivo do Nova Vida é ser o paradigma de uma nova cidade, onde a paisagem urbana seja menos agressiva e mais ordenada. Há uma preocupação de planeamento, muito mais do que um cuidado estético. Não é uma zona bonita, mas é uma área limpa, pensada, projectada e isso acaba por fazer toda a diferença.

Obama

O McCain não é descendente da família Bush. Aliás, o homem tem tanta idade que, quanto muito, seria ascendente. Não sendo nem uma coisa nem outra, dificilmente terá grandes amigos no Supremo. Assim, Obama deve ganhar as eleições de amanhã.

O mundo depositou tantas e tão épicas esperanças no senador Barack que, necessariamente, o seu mandato será uma desilusão. Obama pode ter ares de profeta, mas está longe de ser Deus. Nunca, em qualquer circunstância, a sua governação poderá ser metade do que o mundo deseja: seja um quarto e já ficamos a ganhar.

Só a morte do próprio preservaria o mito. Este blog já manifestou o seu apoio a Barack Obama, mas este blog questiona-se do que haverá para lá da fé.


O assalto (versão abreviada)

Tinha um texto enorme, pronto a ser usado como justificativo da parvoice que fiz este fim-de-semana. Acontece que Deus, no momento da concepção - oh Deus tu que tudo sabes, tudo podes e tudo etc., não me lixes a vida, não? - esqueceu-se - foi esquecimento, bem sei - de garantir que a minha existência seria pautada de uma grande elevação intelectual. Assim, apaguei o que escrevi e o blogger não tem undo.
Resumindo: Roubaram-me a mala gay com que costumava andar e a culpa foi minha que a deixei onde não era suposto.

É isto. Obrigado.