31 de dezembro de 2009

Daqui a pouco...

... vou entrar neste avião (é mesmo neste, porque é a companhia só tem um)...

... e cinquenta minutos depois aterro aqui. Este ano a passagem de ano é no Mindelo. Divirtam-se.

2009

E Obama ganhou. Barack, que pelo meio até é Osama (onde é que ele anda?), chegou, sempre chegou, à Casa Branca e desde então, como se já não fosse assim antes, o mundo segue-lhe os passos e espera que o milagre aconteça. Obama é homem, afinal.

Quem é homem e isso faz dele um afortunado: Ronaldo, o nosso Cristiano. Mudou de país, nem tanto de vida. Elas foram vê-lo ao estádio, e eles não o deixaram vir à Selecção.

A Selecção lá vai ao Mundial e tem melhor sorte que a silenciada selecção de notícias de Moura Guedes à sexta-feira.

Para sempre calou-se Jackson. Depois de morto, continua a facturar, como terá facturado, em vida, um certo administrador, de um certo banco.

Na factura da farmácia, muitas Aspirinas para amenizar a dor de cabeça dos que ficaram sem emprego à custa da praga "crise".

Que se lixe! Meto-te uns cornos e mando-te calar. E se não sabem do que estou a falar, peguem no Magalhães do vosso filho e vão ao You Tube ver o vídeo.

Pesquisem também por Copenhaga, BPN (ou Banco Privado Português), G20, Susan Boyle, escutas a Belém e até Caim. Santinho.

28 de dezembro de 2009

Road to the world cup

A ligação é de toda a justiça. O João Fontes, com quem partilhei longas horas de reportagem pelas ruas de Luanda (ou nas infinitas estradas de Angola), o Tiago Carrasco, jornalista, e o João Henriques, fotógrafo, têm em mãos um extraordinário projecto.

Os três propõem-se a percorrer o continente africano, de Marrocos à África do Sul, ao encontro das tradições de cada povo e de cada país do grande continente. O mote é o Campeonato Mundial da África do Sul e a ‘redondinha’, que levarão com eles, o elemento de união entre cada paragem do roteiro.

Além da ousadia da ideia, o mais notável é a ingenuidade com que se lançaram à demanda. Uma ingenuidade que só consegue quem realmente acredita naquilo que persegue.

Aos primeiros dias de 2010, o João, o Tiago e o outro João vão começar a viagem das suas vidas. A epopeia vai ecoar pela imprensa – resultará depois num documentário – e pode ser acompanhada no blog criado para o efeito.

Aos três – e ao Fontes, em especial, pela amizade que nos une – que Joanesburgo não seja, como não será, uma miragem. Ide e conquistai. Ide e conquistai.

24 de dezembro de 2009

Iniciação ao crime fiscal

Era eu e sete mulheres. Arredámos as mesas e estávamos sentados numa roda imperfeita, a falar sobre a vida. Sobre a vida delas, muito mais do que sobre a minha. Não lhes perguntei como é que ali foram parar, mas elas, uma após a outra, contaram-me, quase com detalhe, o enredo que as fez ter as paredes cor-de-rosa do pavilhão dois como confidente. As 'estórias' são muitas, mas a história é só uma: todas fizeram merda em algum momento da vida.

Furtos e tráfico de droga. No essencial é isto.

Mais tarde chegou ao grupo uma outra mulher. Talvez 50 anos. Apresentou-se (ou apresentaram-na, já não me recordo). Jurista. Fez merda, como as outras. Roubou euros, só que com muitos zeros. Uma coisa em grande, portanto.

Não falou (ou voltou a falar) durante o encontro. Terminámos a reunião e marcámos encontro para daí por quinze dias. “Tragam ideias”. Estava dado o mote.

A jurista chamou-me. Tinha uma ideia. Sentou-se comigo numa mesa à parte e falou. Horas a fio. Contou-me o que queria contar, o que devia contar e o que era preferivel ter guardado para si. Despudoradamente, revelou as suas mais epopeicas façanhas no mundo do crime. Esquemas e mentiras, todas ali, reveladas ao pormenor, não fosse eu querer fazer igual.

Durante o fim de tarde e até ao toque para a contagem, fui aluno de um curso rápido de iniciação ao crime fiscal. No final, num último suspiro, já de pé, a caminho da porta da biblioteca, virou-se para trás e acrescentou: “Não imagina como estou arrependida do que andei a fazer. Felizmente, tenho muito tempo para pensar no assunto”.

Naquela tarde aprendi duas coisas: a) É muito fácil enganar o Estado; b) Nunca é tarde para recomeçar.

Recomecem agora, se for caso disso. Boas Festas.

22 de dezembro de 2009

De Londres

De Londres chegou este belo postal, com os cumprimentos da Cristina, essa querida amiga. Coisinha mais linda (e rabuda), muito obrigado!

18 de dezembro de 2009

Alterações climáticas

Nem sei como dizer isto, mas a verdade é que estou na Assomada, a uma hora da Praia e estou cheio, CHEIO, de frio. Estão 12 graus, um vento infernal e o céu está carregado de nuvens. Não para isto que eu vim para África. Não foi.

Sendo assim, espero bem que se deixem de merdas em Copenhaga, ou vou ficar sem sítio para viver. Merda.

15 de dezembro de 2009

O nada que tanto escrevo

Tenho escrito muito sobre economia, isso deixou-me a cabeça cheia de números. Tenho escrito muito sobre política, isso deixou-me a cabeça cheia de perguntas. Tenho estado muitas horas, muitos dias, no Parlamento, isso deixou-me a cabeça cheia de corredores, e escadas e portas abertas e portas fechadas e portas que, fechadas, se abrem.

Tenho escrito muito sobre muitas coisas. A maior parte das coisas que escrevo, não chegam, sequer ao papel. Estão na minha cabeça. Tomo banho e escrevo. Vou a pé para a redacção, escrevo. Tomo o pequeno-almoço, escrevo. Café, escrevo.

Claro, não escrevo assim tanto. Não escrevo tanto assim, mas quase.

Eu escrevo, oiço o que se diz sobre o que escrevi e continuo a escrever.

Escrevo tanto e, afinal, não escrevo nada daquilo que queria escrever. Aqui.

13 de dezembro de 2009

O meu pai, esse buda

E pronto, o meu pai chegou a velho e endoideceu. Como se já não bastasse saber tudo sobre ervas aromáticas e plantas medicinais, agora decidiu, acabei de saber, fazer um curso de meditação. Mas anda a ler um livro? Perguntei à minha mãe - coitada dela, sozinha a aturar isto. Não! Inscreveu-se na União Budista Portuguesa.

Chamei-o à conversa e o próprio confessou o desvario. "Ainda não cheguei ao Nirvana, mas vou conseguir", é a frase que marcará para sempre o ponto de viragem na minha relação com o meu progenitor.

Não sei bem o que é que vai sair dali, mas temo que da próxima vez que vá a Portugal seja recebido por alguém de cabeça rapada, com uma veste monástica, cor açafrão. Farei os possíveis para o acolher de braços abertos, mais não seja para o agarrar com força e dar-lhe a medicação.

Pai, descansa. Vou-te arranjar um neto para teres com que te ocupar.

10 de dezembro de 2009

Está desfeito o mistério

Afinal, contra todas as expectativas, não tenho um filho. A carta do tribunal é para me arrolar como testemunha num processo de 1934 (ou quase). Desiludam-se aqueles que já me imaginavam a passear o Tobias pela trela, nas ruas da Praia.

6 de dezembro de 2009

Déjà vu

Não sei porquê, mas sempre que chego a um novo país para trabalhar acabo por tirar um foto igual a esta:
Observem como em Angola eu já estava de boca aberta...
... embora tivesse mais roupinha no corpo.

4 de dezembro de 2009

E pronto, tenho um filho

Quer dizer, devo ter. Afinal, que outra justificação pode haver para o meu pai ter recebido uma notificação dos Correios para levantar uma carta em meu nome do Tribunal de Família e Menores?

Estava capaz de jurar que nunca fiz um filho a nenhuma das mulheres com quem mantive relações, mas pelos vistos a imprevisibilidade do cosmos reserva surpresas a cada esquina. Muito curioso, tudo isto.

Só não percebo porque é que a mulher que pariu o meu macaquinho não me disse nada sobre a concepção. Chiça, eu tive o cuidado de deixar o meu número de telemóvel a todas elas.

Além disso, tendo em conta que tenho sido particularmente fiel à minha mulher actual, o sujeito deve ser um matulão. Só espero que não se chame Tobias.

1 de dezembro de 2009

[ele] Diz que há petróleo em Cabo Verde

O jornal on-line Nha Terra publica hoje uma entrevista ao cabo-verdiano Odmir Teixeira. O homem garante a pés juntos que há petróleo no país, porque viu "algo na areia com pequeninas bolhas".

Está aqui um excerto da entrevista, que pode ser lida neste site. É um grande momento.

Quando, onde e como começou a procurar as provas?

Foi num dia em Fevereiro de 1998, saí de casa rumo a João d' Évora, Salamansa e Praia Grande. Quando cheguei na praia de João d' Évora, a maré estava baixa, muito baixa, pelo que decidí caminhar a beira do mar. A certo ponto de salto a salto, de pedra em pedra ví algo na areia com pequeninas bolhas.

Parei, ajoelhei e comecei a bater com a palma da mão direita no chão por segundos, parei e passado agluns segundos as bolhas reasurgiram um pouco mais alto, pelo que depois tomou a normaidade anterior. Repeti esta operação tres vezes e da última vez cheirei o chão e cheirava petróleo puro.


Quais foram as suas reações no momento?

Procurei numa pequenina praia próximo do local e encontrei algumas garrafas de plástico, enchi três garrafas daquela areia com água do mar e segui o meu caminho. Cheguei em Salamansa, como não tinha levado comigo ferramenta alguma, desisti de procurar o que tinha ido a procura, regressei à casa todo contente.

Quando cheguei a casa chamei duas irmãs e uma sobrinha para lhes dar a notícia, pois não conseguia aguentar aquilo tudo sozinho.

Porém, mal saí elas telefonaram a uma terceira irmã que reside em Holanda, dizendo-lhe que estavam preocupadas porque talvez estivesse dando sintomas de problemas mentais. Depois disto, de vez em quando, eu comentava sobre isso, mas eu era ignorado.


Que medidas que tomou?

Como cidadão canadiáno, regressei ao Canadá no dia 15 de Maio de 1998 e levei as três amostras -- garrafas com a areia e água do mar --, para serem submetidas a análises laboratoriais, para ter confirmação ciêntifica da minha descoberta.