26 de junho de 2008

Talvez eu seja um chato, mas "a mim ninguém me cala"

Ao ouvir a Antena 1, deparei-me com uma situação que mereceu um reparo ao Provedor do Ouvinte. Transcrevo o texto que enviei, relatando o sucedido.


"Por considerar lamentável a situação, sou a descrever o seguinte.

Hoje, durante a cerimónia de encerramento do Congresso do PSD, a Antena 1, transmitindo-a em directo, considerou como desnecessário interromper a conversa que a jornalista e o comentador mantinham, durante a audição do Hino Nacional.

No fundo, enquanto jornalista e comentador analisavam o que tinha sido o discurso de Manuela Ferreira Leite, o Hino Nacional - simbolo da Nação - era ouvido ao fundo, como trilha sonora, ao invés de ocupar a plenitude da antena.

Por considerar a situação gravosa, tomo a liberdade de a comunicar a vossa exa. O Hino deve ser respeitado, para mais numa estação de serviço público, como a Antena 1. Mais faço notar que tanto RCP como TSF cuidaram de interromper a mesma análise, para que o Hino Nacional fosse tratado com a dignidade que merece.

Trata-se de uma grosseira violação das regras que devem pautar o trabalho de quem serve num órgão de comunicação social.

Lamento o sucedido e aguardo o seu comentário."



Soube hoje que o assunto será abordado por Adelino Gomes - o novo Provedor da rádio pública - numa das primeiras emissões da nova série de programas Em Nome do Ouvinte.

24 de junho de 2008

Os santos populares


Fui uma vez ao São João, no Porto. Saí de Lisboa ao final da tarde e cheguei ao Porto já depois das onze da noite. Passei a noite a levar com o martelo na cabeça e a martelar gente absolutamente desconhecida. Não achei de nada de especial.

A lógica dos Santos Populares, em Lisboa, Porto ou qualquer outro sítio, é um pouco perversa. Andar para um lado e para o outro, até mais não, sem destino ou sentido. Contudo, gosto. Como sou do Seixal, cabe-me defender a minha terra "tão linda e formosa":

Já estive no Santo António,
Já passei pelo São João,

Mas a mim quem me tira o São Pedro,
Leva-me um pedaço do coração.


Disse.

19 de junho de 2008

18 de junho de 2008

Crónica: prostitutas

Há algum tempo que deixei de fazer fretes, mas os amigos emigrantes tendem a comover-me. a Revista Vida Lusa, em França, é feita pela comunidade portuguesa em Paris. Aqui há uns anos, foi um dos primeiros sítios a publicar um texto meu e, depois do pedido feito pelo novo editor, não pude dizer que não.

Acontece que, desses tempos idos, sobra muito pouco. Principalmente ao nível da noção do real. Escrevi uma crónica sobre a minha relação com prostitutas. Como não tenho certezas sobre a sua publicação, avanço-a aqui, em estreia mundial. Tudo por vocês, caros leitores.


Das prostitutas

Volto hoje às crónicas na Vida Lusa. Aqui há uns anos publiquei, nestas páginas, uns quantos artigos dos quais obtive um bom retorno.

É curiosa esta coisa do jornalismo. Meti-me na vida aos 17 anos, o tempo foi passando e por cá contínuo. Não é grande coisa, mas antes isto que prostituir-me. Tenho a convicção que alguma da minha família não partilha deste meu entusiasmo, mas estou certo que também eles preferem que eu não tenha que vende o corpo para pagar a prestação do carro.

Esta conversa vem a propósito do tema que escolhi para retomar a minha colaboração (regular?) com a revista. Aqui em Portugal, de onde escrevo estas linhas, há um hábito que cultivo: ler jornais. Como profissional da comunicação interessam-me particularmente algumas secções. Entre elas, as que permitem desmontar a malha social que nos rodeia – o mundo é mesmo um lugar estranho. Não dispenso um olhar atento ao caderno de classificados e às meninas que nele se anunciam.

Nunca fiz uso dos seus préstimos, embora algumas tenham o condor de me tentar – e desde já quero deixar muito claro que não é grande mérito tentar um tipo como eu, a quem qualquer rabo empinado ou busto destacado é quanto basta para despertar o pardalinho que trago sempre comigo.

Ora, acontece que eu sou particularmente expansivo, quando rodeado por “gente da nossa”. Foi num desses momentos de expansão que aconteceu uma das minhas mais recentes humilhações públicas (e reparem como seria adequado o editor esquecer-se de publicar a letra ‘l’ da palavra “públicas”). De Correio da Manhã em punho (o punho, o punho…), folheando o destacável do despudor, começo a ler, alto e bom som - que a divindade brindou-me com uma voz poderosa - sobre o potencial de todas aquelas senhoras de elevada posição moral. Admiro o facto de ter tanta mulher ali, pronta a servir-me sem pudor.

Retomando uma ideia que defendi no começo da crónica, não tenho qualquer hábito de pagar para renovar o stock, mas porque Lisboa é um meio pequeno, toda a gente se conhece e no exacto momento em que me concentro num certo anúncio, a sua protagonista entra no café onde estava sentado.

Considero humanamente impossível que ela não tenha ouvido. Quando dei conta da visita, a leitura ia num estado avançado.

Do episódio tirei duas lições. A primeira é que tenho que falar mais baixo. A segunda, bem mais interessante, é que a safada tem uma “boca marota”.

Sou muito ingénuo e por isso não sei o que é que uma “boca marota” faz e onde o faz. Mas também sou jornalista, pelo que não posso deixar a curiosidade tomar conta de mim. Confidenciaram-me que a curiosidade custa 25 euros e estou certo que os pagarei de bom grado, ainda que numa perspectiva meramente profissional, claro.

A fé

Ao passar os olhos pelo Jornal de Notícias, uma crónica de Mário Crespo. Dela, este excerto: "... tenho o enorme problema de não conseguir acreditar. Na penumbra do confessionário, não vi a expressão de Cedric Myerscough. Houve uma pequena pausa hesitante antes da resposta que, quando veio, saiu num tom quase de monólogo "...mas acreditar é o prémio no fim. É preciso procurar com intensidade. Nada é assim tão fácil. É como tudo. É preciso insistir na busca e depois haverá o prémio... I think (acho eu)."

Sou movido pela fé. Nem sempre, claro. Sou movido pela minha, que essa "dos homens" será, quanto muito, a deles.

O que é a fé? Um acto pessoal de crença. Se acredito, se sinto, sigo. Podia ter fé sem acreditar na Palavra. Acontece que acredito e por isso a minha fé provém dela. Sinto-me seguro enquanto penso que cumpro um desígnio. Ter fé não é difícil. Aliás, ter fé dá até muito jeito, se dela fizermos uso, na altura de justificar uma opção errada que tomámos.

Difícil é viver segundo a fé que professamos. A fé, a que tem origem na Palavra, implica um exercício de sacrifício, executado entre quem a tem e quem a dá. Não são ordens, são pedidos, . Mas são solicitações que exigem disponibilidade. Não é mau tentar viver assim. Dá algum sentido a coisas que não têm sentido nenhum.

13 de junho de 2008

A Maleta Vermelha

Aqui está a reportagem sobre a Maleta Vermelha. Clicando nas imagens podem ver as páginas em tamanho real e ficar a saber tudo sobre a revolução sexual de que tanto precisam.





12 de junho de 2008

Já está

O texto sobre dildos e sexo anal está escrito e é publicado amanhã. Oportunamente mostro-o aqui.

9 de junho de 2008

La Maleta Roja


Antigamente, quando eu era criança, a minha mãe chegou a receber em casa uma daquelas reuniões de caixinhas de plástico. Amanhã, em reportagem, vou a uma reunião que segue os mesmo moldes, embora seja para vender produtos feitos com outros fins.

La Maleta Roja - a maleta vermelha - é a nova moda sexual, importada de Espanha. Uma demonstradora transporta, dentro de uma mala, um vasto leque de produtos e brinquedos com fins manifestamente sexuais (sim, porque um massajador facial será sempre um vibrador). Perante uma plateia feminina, segue-se o desfile expositivo do catálogo, com indicações preciosas para as afoitas senhoras.

"Homem não entra", a não ser que seja jornalista e tenha assinado uma declaração de privacidade, onde se compromete a respeitar a privacidade das intervenientes. Vou estar entre 'falos' e lubrificantes, a espreitar o que transporta a mala. É tuppersex, meus caros.

Lembram-se do sucesso das caixas de plástico? Agora imaginem que no lugar onde as vossas mães guardavam tupparwares vocês põem a vossa colecção de dildos!

4 de junho de 2008

Apresentando Barack Obama...

... o candidato Democrata' 08. Não duvidem que o apoio do Marcha foi fundamental.

Testar a Vida

A minha querida Cientista escreveu no seu blog um texto tão lindo quanto verdadeiro. Transcrevo-o aqui, com um beijinho à autora, pessoa que muito estimo.

"A vida conta-se em histórias de pequenos nadas que, juntos, fazem um todo. Contadores de histórias são bens preciosos que devemos preservar. E de repente, esses pequenos nadas ganham forma definida no conjunto, tornam-se episódios fundamentais de uma série que ainda vai no início. A vida conta-se em histórias… e histórias contam a vida (...)"

3 de junho de 2008

Breves notas sobre o primeiro fim-de-semana de Rock in Rio

Ivete Sangalo: Fabulosa, como sempre, capaz de mobilizar aqueles que, claramente, não estavam lá para a ver.

Amy Winehouse: A desilusão maior. Todos sabemos o que ela é e o que representa, mas haja respeito pelo público. É isso que marca a diferença entre uma estrela e um artista. Foi estrela, sem brilhar.

Lenny Kravitz: Enfadonho. Foi picar o ponto.

Tokio Hotel: Nada de fabuloso. Ousaram entrar depois dos Xutos e haja vergonha na cara, porque não se faz. São um grupo de miudos e uma moda, como os Dzrt, mas como outra máquina. Vão passar e nada restará.

Joss Stone: Que surpresa. Sou ouvinte de Joss desde sempre, muito antes dela chegar a Portugal. Sempre soube que iria longe. Um concerto emotivo, sincero e musical, que é o que se espera.

Rod Stewart: O concerto mais animado de todo o fim-de-semana. A aplicação do conceito "concerto-festa". Cativou quem se esperava que cativasse e foi igual a si próprio.


Resumindo, Joss Stone e Rod foram, digo eu, os melhores concertos do fim-de-semana. Não estive por lá no Sábado e por isso não opino sobre Bon Jovi e companhia. Gosto de festivais, porque fazem os concertos resumir-se ao fundamental, tirando do alinhamento a experimentação. Com menos capacidades cénicas, fica a música por si e é isso que se espera. O artista e a sua música. Give it to me baby! Mostra-me lá o que vales.