27 de dezembro de 2007

Aos leitores

A quadra natalícia leva-me para outras paragens, bem mais interessantes do que esta. Estive por ali e vou para além, já a seguir. É só tocar a corneta, baixar a guarida e seguir confiante.

Volto em Janeiro.

Espero que tenha acontecido Natal, para lá do tinto e das calorias. Em 2008, que será recebido com um branco fresquinho, há a firme vontade de, aqui e lá, conquistar o mundo, começando pelo meu quarteirão.

Não se deixem levar pelas intrigas palacianas deste país descabido. Se isto é um programa de humor, não nos deixemos ser a anedota do humorista! Há que reivindicar mais e exigir melhor. Agarrar o volante com garra e só virar a direcção se não der mesmo para seguir em frente.

Ide. Ide e conquistai.

20 de dezembro de 2007

Elf

Cheio de espírito da epóca, aqui fica uma prova do meu amor por todos os leitores. Tomei a liberdade de convidar dois amigos de longa data, que não quiseram deixar de aproveitar a oportunidade de dar a conhecer ao mundo o seu lado mais humano.

Cliquem aqui. Pode demorar a carregar mas vale bem a pena.

19 de dezembro de 2007

Solitário (o jogo)


Nunca tive muito, ou nenhum, jeito para jogos de video. Não consigo articular os comandos e dificilmente obtenho sucesso. Creio que o único jogo em que era realmente bom, recordo-o dos tempos de adolescente, era o Karts, uma coisa muito mediocre, que transportava numa disquete, tamanha era a qualidade.

Assim, talvez se perceba que faça do Solitário "o meu melhor amigo". Jogo várias partidas por dia, quer seja no computador (em qualquer um), ou no PDA. Que me desculpem os génios criativos que inventam pérolas do entretenimento jogado... a mim não me motivam.

Quem me lê?

18 de dezembro de 2007

Salário mínino


Agora é que vai ser. Finalmente o país vai avançar! O salário mínimo sobe, em 2008, 23 euros e eu não consigo esconder a alegria...

Os patrões detestam a ideia e obrigaram o Governo (obrigaram, sim, porque eles mandam nesta merda a que alguns insistem em continuar a chamar de país) a aprovar uma série rídicula de medidas que visam proteger, ainda mais, o grande capital.

Eu compreendo. Afinal, os vis trabalhadores vão enriquecer e não fica bem um empregado levar uma vida mais afortunada do que aquele que lhe concede o direito de trabalhar. Há que liberalizar o mercado laboral. Para quê? Para despedir. Um patrão que quer um mercado de trabalho liberal que outra intenção pode ter?

Para o ramalhete ficar composto só falta mesmo observar a figura que o Primeiro fez. Lá se percebe que alguém possa sentir satisfação ao anunciar publicamente que há portugueses que, em 2008, vão ter que se governar com 426 euros?

Tenho para mim que as únicas pessoas que têm alguma felicidade em viver num país onde o salário mínimo chegará, em 2011, aos 500 euros são aqueles que, definitivamente, não vivem desse mínimo demoninador comum.

O que dá vontade é de pegar nos 23 euros de aumento e esfregar o cu com eles, mesmo antes de os enfiar pela goela dos Van Zeller que andam por aí a pairar... e são tantos e tão tentadores. Depois era vê-los a vomitar toda a podridão que encerram naqueles corpos putrefactos, vestidos de Armani por medida.

Portugal não precisa de um Salazar. Precisa é de um Estaline, para pegar fogo a esta cambada de bandidos que nos anda a governar.

A minha avó fez um bom serviço

Na minha família a minha avó funciona como um elo de ligação. É a matriarca, sem contestação.

Quando mudou de casa cuidou de não levar mais do que o necessário. Deixou cá o que passou uma vida (esta) a ensinar. E pelos vistos fomos todos bons alunos. A família, na forma e no conteúdo, persiste como ela nos explicou que as famílias devem ser: presentes e abrangentes, mas nunca demasiado absorventes, que se possam tornar monopolizadoras.

A minha avó...

A Ermelinda (sem Maria) é a velha mais patusca que conheci (e este é um lugar comum, que cabe aqui na perfeição). Apesar de nunca ter estudado grande coisa, passou metade da vida a aprender e a outra metada a explicar ao mundo como se vive com dignidade.

De um cuidado extremo com a sua escrita, muito meticulosa na linguagem, é dona de uma personalidade vincada, mas muito tolerante. Sabe gerir crises como ninguém e é extraordinária no jogo da antecipação: prevê um problema antes dele existir e habitualmente resolve-o antes de se tornar público.

Muro das lamentações de metade da família, nunca se recusa a ouvir quem precisa de desabafar. Se lhe telefonam e antevê uma conversa mais demorada, um gesto é quanto basta para que alguém lhe traga uma cadeira.

Minda, chamam-na assim, ganha o dia se, inesperadamente, der por ter a mesa cheia de gente. Há sempre comida a contar com mais alguém, mesmo que não se saiba quem e se.

A cama dela é a mais acolhedora, os mimos os mais doces, as mãos as mais suaves.

A minha avó já morreu, mas escrevo este texto no presente porque a memória das coisas boas persiste para lá da inevitabilidade.

Sabem de que filme é esta imagem?

Nunca o vi. Tenho alguma vergonha no facto. Serei o único imaculado?

17 de dezembro de 2007

Ajuste

E para mim, um bom Natal.

Em 2007 não ajudei ninguém a viver e talvez por isso o ano não tenha valido a pena.

Tive projectos que não cumpri. Ideias que não concretizei. Fiz promessas que não realizei. Ou talvez tenham sido primeiro as ideias, e só depois as promessas. Ou talvez não me devesse ter comprometido, de todo. Ou talvez o tivesse feito um pouco mais. Ou talvez, talvez, talvez…

Passei [-me] ao lado, uma, duas, três vezes. Esta cadeira onde me sento está um pouco mais gasta. Não estaria (por mim) se não estivesse aqui. Mas estou. Continuo aqui e a verdade é que no sítio onde trabalhamos, as cadeiras são o nosso melhor reflexo. Quanto mais as gastarmos, mais tempo tivemos para as gastar.

Como consequência do processo, do qual sou causa, afirmo-me mais positivamente? Não. Confio-me mais? Tão pouco.

Tenho, um ano depois, menos vida pela frente e mais à retaguarda. Fatidicamente, implacável, o tempo, só ele, para nos dar cabo da ingenuidade, das utopias e das crenças parvas e infantis, mas que nos fazem, ou faziam, como se diz? Sonhar.

Continuo a ser hipócrita 10 horas por dia. Convivo com gente que não [me] interessa, pessoas que a minha mãe não recomendaria.

Ainda assim, tudo isso e cito: os projectos incumpridos, as ideias “inconcretizadas”, as promessas por realizar, ainda a cadeira gasta e o vermelhos sujo pelo tempo, a desconfiança de mim e o impróprio convívio, Pai, Filho e Espírito Santo, seriam causa menor se eu tivesse ajudado à vida.

A ordem das coisas e das causas, de ínfimos e finitos objectos de relutantes crenças menores, elas, rapidamente seriam partículas dispersas, se sentisse, volvidos 12 meses de intermitente, embora constante, lassidão, ser no imediato a viril engrenagem do complexo processo de alguém.

Escolhi as palavras, com o primor que imponho à escolha destas, e essas ainda foram escritas antes de ditas, num imensurável jogo de perversão linguística, onde sou tirano, agente e peão.

Merda. Como posso cuidar de salvar alguém, se antes não cuidei de me salvar a mim?

Natal por aqui

A árvore de Natal desta redacção é a mais feia de todo o mundo. Tem cerca de um metro, está isenta de ramos e as decorações ficaram longe da perfeição: três fitas, 140 lâmpadas e papel higiénico.

13 de dezembro de 2007

Das doenças e dos médicos que existem em nós


Porque é que quando estamos doentes, ou com uma pequena maleita, toda a gente tem uma explicação?

Ao que parece, nascemos todos com uma licenciatura em medicina e uma especialidade em "tudo".

Se cometemos o erro de desabafar com alguém que temos isto ou aquilo, há logo um diagnóstico garantido. Dizem o que se passa, porque se passa e como se cura. Se, por acaso, já fomos ao médico e trazemos o receituário e a explicação da 'causa-consequência', então o tal médico está errado, porque "eu é que sei. "Tens é que tomar isto! Precisas de fazer aquilo!". E dizem-nos com uma soberba, como se devêssemos confiar mais neles do que no gajo que estudou 10 anos para aquilo.

Como já referi aqui, num post anterior, estou pela hora da morte, o que significa que tenho indicações médicas a cumprir. Ora, toda a minha gente acha que o que médico está errado e que eu devo fazer o que eles, jornalistas, técnicos, sonoplastas, locutores, acham.

Se eu tenho um determinado regime alimentar, recomendado por uma nutricionista, porque carga de água é que vou muda-lo só porque estes Dr. House de meia tigela acham que encerram em si toda a sapiência do mundo?

12 de dezembro de 2007

SPAM ou alguém muito bem informado

Alguém desligou o filtro de spam do servidor de e-mail da empresa e o resultado é que de há uma semana para cá vejo a minha caixa postal "oficial" cheia de mensagens inoportunas. As missivas do Cesar H. Dawson prometem-me "the best treatment at low price".

E para termos a certeza do que se trata: "* erectyle and other s'e_xual dysfunctions* excessive weight* depressi and anxiety* insomnia* allergic response".

Olha Dawson, não sei qual é a tua intenção, meu menino, mas ficas desde já a saber que aqui não pões a mão.

11 de dezembro de 2007

O que é que vais fazer hoje? Ah, vou morrer na estrada!

De 25 de Novembro até hoje já morreram 25 gajos nas estradas. Ou seja, ao volante, os portugueses continuam a morrer que nem uns desvairados.

Enquanto condutor acho que a atitude mais correcta a assumir quando se tem um carro nas mãos é adequar a nossa condução ao tipo de estrada e a uma série de outras condições, psiquicas, físicas e atmosféricas. Em si, isto não é nenhuma novidade, até porque qualquer encartado, por pior que seja, terá levado uma esfrega de retórica à data das aulas de código.

Convencem-me pouco, ou nada, os argumentos de desresponsabilização do condutor. Facilmente culpabilizam-se as estradas, a sinalização ou "os outros".

Certo que a sinalização é deficiente e as vias (A8, meu Deus, o que é isso?) uma desgraça em calças, mas "os outros" somos nós próprios. Afinal, o BMW série 7 que acabou de passar pelo nosso Fiat é apenas um reflexo da atitude tantas vezes negligente que protagonizamos... embora com mais 200 cavalos.

Nunca fui multado por excesso de velocidade, raramente passo os 120 na auto-estrada (até porque o meu Aygo, enfim) e nunca protagonizei ou proporcionei um sinistro.

Creio que, no particular, funciona muito bem o facto de ser um jornalista mal pago: Se for multado não tenho dinheiro para a multa.

Iluminação pública (e ao que chegámos)


Estive fora no último fim-de-semana, pelo que não me apercebi do momento em que todo um quarteirão ficou sem iluminação pública. Ora, numa zona sem comércio e sem grande vida, não custa adivinhar a escuridão que encontrei quando cheguei a casa.

Questionei duas ou três pessoas que me garantiram que a situação se verificava desde Sábado. Seria, portanto, a terceira noite sem luz. Estava dado o mote para os larápios mais astutos.

Peguei no telefone e liguei para a EDP, em tom cordial-ameaçador (ou seja, simpático, mas determinado, do qual resulta uma ironia que colhe os seus frutos). A operadora garantiu-me que ninguém tinha dado, até então, conta da avaria o que acredito ser verdade, porque quinze minutos depois do telefonema chegou uma carrinha da EDP, que em cinco resolveu o problema.

Na zona afectada moram, contas por alto, quinhentas pessoas. Meio milhar de almas que ficou sentado no sofá, provavelmente a refilar, mas que foi incapaz de pegar na porra do telefone e informar os serviços técnicos da EDP.

Este texto não tem uma conclusão, nem uma moral. A passividade fala por si.

10 de dezembro de 2007

Da (minha) posse

Cuido de programar o despertador para tocar dez minutos antes da hora habitual. Sei perfeitamente que não vou acordar ao primeiro apelo, mas se começar a tentar um pouco mais cedo, pode ser que, contas feitas, não me atrase tanto.As segundas não custam mais. O mais é saber que a elas se juntam as terças, as quartas e adiante, impiedosamente. O que custa é a fatalidade de despertar para o dia e pensar que falta tanto para voltar a quebrar a rotina. E quando o tanto se faz pouco, o logo ali parece quedar ainda distante.

Idiota e incoerente justificação para levar a vida de carreirinho. És tu por dois dias a cada cinco. No entretanto, estás refém de alguém que te devora, estrangula, usa, abusa e cospe o que sobra, sem pedir “com licença”. Chega para lá.

Que nada. Porque eu sou eu e eu sou meu.

Roubem-me o corpo. Violem-me. Abusem de mim. Rebentem com as minhas entranhas, se assim está destinado a ser. Façam desta carne um pedaço de nada. Agora, a minha alma, onde sou verdadeiro, essa, jamais será vossa, porque a tenho em propriedade.

Sujos. São porcos, imundos e nojentos. Ainda assim, anedotas que são, não me impressionam. As vossas circunstâncias não me surpreendem. A vossa vulgaridade não me ilude. Aplausos, venham eles, para a vossa ignorância, disfarçada em lugares comuns. Usam e maltratam a língua para impor regras de conduta. Se ao menos cuidassem de desembaciar o espelho lá de casa.

Não imploro aos céus castigo divino para tanta incoerência. Ela é, em vós próprios, a expressão maior da parvoíce com que foram castigados. Serão estúpidos a vida toda, porque não sabem ser de outra maneira. Tentem e desistirão no imediato. Coitados.

7 de dezembro de 2007

Sócrates e a coragem política


O Primeiro-Ministro riscou da agenda de hoje a recepção pessoal que habitualmente faz aos representantes dos Estados que participam em actos oficiais.

Especula-se que o fez, não pela demorada cerimónia que resultaria do acto, mas antes por não querer ser fotografado ao lado de alguns dos maiores ditadores da actualidade, dos quais Mugabe é apenas um representante menor.

Se foi essa a razão, como acredito que tenha sido, censuro a atitude do PM. A coragem política só é plena se for levada até ao fim. Convidou-os, eles vieram, cumprimenta-os e depois safa-se.

Ah, Zé, Zé...

6 de dezembro de 2007

O meu blog e eu

Para quem não "bloga" será dificil perceber como o nosso blog pode ser importante. Sim, bem sei, não é necessariamente a "coisa mais importante da vida"... e ainda bem, agora, não dá para negar a ajuda que dá, não raras vezes, ter um espaço onde podemos despejar as inquietações que nos pairam na mente.

Neste espaço, e já me referi a isto mais do que uma vez, não me alongo sobre a minha vida pessoal, mas o acto de comentar, opinar, aplaudir e discordar sobre o que me incomoda ou agrada não tem preço.

É a democracia, a minha, a funcionar.

3 de dezembro de 2007

O que é que nos andamos a fazer?

Sem darmos conta estamos a virar hipotecas de nós próprios. Abdicámos da nossa originalidade, em troco de uma existência amplamente sacrificada. Deixámo-nos ao abandono e somos resgatados pelo primeiro bandido que passa.

A geração condenada a ser o futuro da "Nação valente e imortal" é feita, afinal, por uma cambada de sujeitos passivos, de rego pronto a cada cinco tostões.

Indignamo-nos, mas cumprimos. Contestamos, mas aceitamos.

Somos vassalos e escravos e escumalha e lixo. Alguém, parece que a geração que veio antes, usa-nos a seu belo prazer e nós deixamos. Tenho vergonha de mim e de nós, por deixarmos.

Em que momento da história a circunstância deu cabo da nossa rebeldia? Desde quando é que nos comportamos como velhos e aceitamos tudo? Foda-se! Não eramos nós que invadiamos reitorias? Ou são esses quem agora dá cabo do país e lixa-nos a vontade de aspirar a uma digna emancipação?

Existimos a crédito. Com um juro altíssimo.

Pim.

Conta-me Como Foi


Ao Domingo à noite não dispenso o Conta-me Como Foi, a série da RTP que retrata um Portugal que não conheço, a não ser dos livros e dos testemunhos que, ocasionalmente, fui ouvindo.

Não sei, porque não estive lá, se o que aparece no ecrã é um retrato fiel da vida naquele tempo, mas reconheço, isso sim, personagens e histórias que reconheço do "já ouvi falar disto".

O Conta-me Como Foi é a prova de que, em Portugal há quem tenha talento para escrever e representar ficção de qualidade (e que elenco fabuloso - são todos bons actores? São mesmo). Curiosamente o Conta-me não atinge o share de um qualquer blockbuster da TVI, o que diz muito sobre o quão tacanhos continuamos a ser, linhas gerais. Há quem não tenha mudado muito, desde então.

Diria que está ali um documento histórico que vale mais do que o equivalente em aulas de história.

Três vivas à boa ficção portuguesa... e Maria Isabel, largo o beatle, filha. Vens de Inglaterra de barriga cheia e eu quero ver. Vai ser o teu pai, com o ordenado do Ministério das Finanças e os trocos da tipografia do Eng. Ramirez a alimentar mais uma boca? É isso?