"O Blog do Desassossego" acabou hoje. Há pouco, antes de publicar o seu último post, a Diana explicou-me o que se passava e quis saber a minha opinião sobre a sua intenção.
Concordei com ela e fiz apenas uma exigência: "tens de acabar com um 'puta que pariu'". Lá está ele, no remate de meia década de memórias.
A Internet é uma gigantesca base de dados, onde a informação se conserva, acessível a todos, até à eternidade. Temos um rasto difícil de apagar.
Um dos argumentos para o fim do Desassossego é-me muito caro. Como a Leididi, também eu passo o dia a escrever. Nem sempre foi assim. Quando esta Marcha começou, há quase cinco anos, trabalhava numa rádio. Entretanto, estive na televisão. Agora, vim parar a um jornal. Nunca escrevi tanto como agora, mas também nunca o meu blogue ficou tanto tempo esquecido.
As palavras esgotam-se. As minhas, pelo menos. Não é que não tenha coisas para partilhar. O que me falta é a capacidade de as organizar em frases coerentes, capazes de resultar em algo de que não me envergonhe.
Não imaginam a quantidade de vezes que abro o blogger e fico longos minutos, com os dedos apostos, a olhar para o cursor. De vez em quando arrisco um parágrafo. Quase sempre, porém, desisto ao fim de duas linhas.
Os blogues pessoais estão a acabar. As pessoas encontraram outras formas de comunicação, mais rápidas e instantâneas. Continuamos cheios de desabafos, mas entretanto existem outros sítios - um em especial - onde nos dão atenção mais rapidamente.
A lista de ligações aqui ao lado assinala cada vez menos actualizações, sinal de que a blogosfera se está a transformar num gigantesco cemitério de confissões. Nós, os que persistimos, somos pré-históricos.
Um dia, o Marcha dos Pinguins também vai acabar. Quando isso acontecer, escreverei o devido elogio fúnebre (porque quando morremos, somos todos bestiais). Algumas semanas depois, apagarei o que restar. Nunca se deve deixar um morto por enterrar.
De alguma forma, a Diana inspirou-me a fazer isto. E por enquanto apetece-me continuar. Desculpem-me se não conseguir ser o que esperam de mim.