São para mim tudo as pessoas que não se conformam. Sou um bocado assim, também. Quanto temos um problema, se estamos insatisfeitos, o melhor que podemos fazer - e talvez a única coisa a ser feita - é arregaçar as mangas e reverter a situação.
Da minha experiência, sei que nem sempre conseguimos (ou pelo menos com os resultados esperados), mas alguma coisa, nem que seja o embrião de uma mudança, fica ali, a germinar.
No final do ano passado, uma amiga de muita estima disse-me que se preparava para largar tudo: a cidade e a família que ama, os amigos que adora e um emprego confortável e que lhe garantia um futuro sem grandes sobressaltos.
Isso não lhe basta. O emprego e a cidade, um e outro - que no caso se relacionam - não lhe bastam. Porque precisa de novos horizontes, porque olha para a secretária do lado e não se revê na tacanhez das ideias e das vidas feitas.
Disse-lhe o que pensava: se vais, corta de vez. Se é para cortar, que seja a direito. Se vais arriscar, arrisca sem medo.
Quando arriscamos, existe sempre a possibilidade de correr mal. Mas o resultado do atrevimento, na sua imprevisibilidade, só é conhecido depois de feito o exercício.
Sou assim pelo risco. Pelo tentar. Por isso, apaixonam-me as pessoas ousadas, que perseguem ideais, que sonham, ambicionam.
De uma forma ou de outra, todos procuramos o nosso lugar no mundo, na cidade latu sensu. Há quem o encontre em rotinas e dias programados Há quem o deseje em empregos estáveis. E depois existem os outros, os que não o encontram numa vida de longo prazo e que por isso mesmo precisam de continuar a procurar.
Será essa a principal maravilha dos tempos modernos. É fácil - é muito mais fácil, pelo menos - concretizar a inquietude.