19 de março de 2013

Do pai João


Deixem-me ser claro: devo-lhe muito. Devo-lhe, por exemplo, e acima de tudo, o carácter forte. Espero um dia dever-lhe também a moral inabalável e a consciência tranquila de quem nunca, deliberadamente, prejudicou o outro. 

Digo-o sem exageros: o meu pai é fabuloso. É isso tudo, por todas as coisas que me ensinou, mas principalmente por tudo aquilo que aprendi com ele, sem que disso tomasse fé. 

O meu pai é um homem bom. Um homem bom, que ama a vida, que ama a terra e as coisas simples. E com isso me ensinou que o amor reproduz-se em mais amor e que a essência da felicidade está guardada em nós e nos actos que praticamos. 

O meu pai é também um homem inteligente. Um conhecedor profundo, um curioso incansável, um investigador determinado. E foi com ele que aprendi a nunca me contentar com um encolher de ombros, a perguntar sempre, por mais estúpida que possa parecer a pergunta. Mas conheci também o valor do silêncio, de nem sempre dizer tudo, porque há coisas que devemos guardar só para nós.

Ao meu pai devo, assim, a maior parte de mim. Aquela em que sou quem quero ser.

À distância de algumas horas de voo, porque foi assim que reconfigurámos o nosso amor, estás sempre comigo, companheiro. Sempre. 

Este é o abraço que te dou.

4 comentários:

Alda Couto disse...

Olha, toma lá sorrisos por este texto que me deixou o peito embargado :) :) :)

Otilia Barbosa disse...



Parabéns Nuno, fez-me chorar pq de facto o João é mesmo assim, bonita homenagem, conhecendo-o como conheço a esta hora está com a lágrima no canto do olho, orgulhoso como sempre do filho que têm...Beijo

Jardineiro do Rei disse...

Obrigado Companheiro...
Se tu o dizes, eu acredito que sou isso tudo.

Um abraço daqueles.

Pai João

Majo disse...

Duas pessoas extraordinárias, um mútuo amor imenso, poderoso e incondicional; uma ternura inexaurível, compõem esta sentida e belíssima homenagem que nos deixa intensa mas agradávelmente comovidos.
Que os Deuses os abençoem e protejam...