28 de maio de 2008
27 de maio de 2008
"não era a mim que vinhas"
Não tens rosto. Desististe dele, porque são sem afeição as tuas feições. O que transportas nesse saco verde? Vais continuar sem querer saber de mim? Espera... viste-me. Diriges-te a mim. Não me peças nada, não tenho nada para ti. Só queria que respondesses ao meu 'adeus'. Estas de passagem, tal como eu, e fui simpático, nada mais.
... afinal não. Não era a mim que vinhas. Não tens horas marcada, pois não? Fazes esse ar indiferente a tudo, mas no fundo estás sozinho no mundo, acertei? Ninguém te espera e tu, francamente, já não esperas ninguém. Então e eles? Ah, não querem saber...
És cinzento, como as roupas que trajas. És cinzento e velho e eu talvez tenha pena de ti, apesar de não me teres acenado e isso, perdoa, eu não te perdoo.
A "Pobreza e [as] Desiguladades" de Soares
Eis, no Diário de Notícias, um artigo de brilhante clareza intelectual de Mário Soares, numa lição de Socialismo, com recados a um Governo que perdeu o norte aos pressupostos ideológicos:
"Depois de duas décadas de neoliberalismo, puro e duro - tão do agrado de tantos que se dizem socialistas, como desgraçadamente Blair - uma boa parte da Esquerda dita moderada e europeia parece não ter ainda compreendido que o neoliberalismo está esgotado e prestes a ser enterrado, na própria América, após as próximas eleições presidenciais. A globalização tem de ser, aliás, seriamente regulada, bem como o mercado, que deve passar a respeitar regras éticas, sociais e ambientais."
26 de maio de 2008
A conversa do Sócrates
Usou-se a distinção nas SCUT's, e repete-se agora nos combustíveis. A visão de Sócrates sobre este assunto é redutora e descabida, revelando uma total falta de sensibilidade política, estimulando uma vertiginosa queda no ridículo.
Distinguir contribuinte de consumidor é um disparate. É demagogia. Como se os consumidores não fossem, também eles, contribuintes.
A maioria dos portugueses tem uma relação directa com os combustíveis, fruto do carro que conduz. Os condutores são um número suficientemente grande para merecerem a atenção do Estado. Ainda assim, se este argumento não fosse suficiente, ganha corpo um outro: a alta do preço do petróleo tem implicações, indirectas, naqueles que não dependem dele para o seu dia-a-dia, por força da subida de todos os outros bens.
Não é possível, a bem da verdade intelectual, separar consumidores de contribuintes. Faze-lo é a abusar da liberdade de interpretação.
O consumidor assume o seu corpo quando ao Estado mais convém. Fora esses casos, de mero talento causal, passa a cliente.
O dia em que ele voltou aos protestos: Carta à Transtejo
Caros Marujos,
Ousei ontem utilizar o vosso serviço fluvial, nas ligações Cacilhas – Cais do Sodré e Belém – Cacilhas. Permitam-me breves notas.
Cartão 7 Colinas? Mas vocês estão parvos ou quê? A ideia, que é uma boa ideia, resultava em cheio se o cartão sequer funcionasse, o que não é o caso.
Primeiro, a máquina não o lê. Depois, um senhor de mau cheiro (sem olfacto, presumo), oferece “ajuda”, absolutamente inconsequente, claro (um homem que não cuida de si sabe lá cuidar dos outros). Ida à caixa, má disposição do funcionário – coitado, devia estar convencido que me prestava um grande favor, ao atender-me – e um barco perdido. Fico a saber que o malfadado cartão não vai funcionar (apesar de estar em perfeitas condições) e que, contas feitas, vou ter que pagar por um novo: “ah, se tivesse a factura deste, ainda lho trocava”.
Para já não é factura, é recibo e depois, senhores, eu agora guardo toda a espécie de lixo na carteira, meses a fio? Por acaso guardo, mas a minha onda é mais talões de desconto. Calculo que muitos dos vossos clientes tenham por hábito produzir bilhética contrafeita e que por isso o recibinho seja fundamental.
De regresso à Margem Sul, com a micose em sangue, que um rural não se dá bem com os ares da capital do império, um “eu já visto”: O cartão não funciona! Situação agravada pela total ausência de funcionário na estação de Belém, embora aqui eu compreenda: como só há barcos de hora a hora, porque não dar um giro pela frente ribeirinha? Fumar um cigarrinho, urinar (3 vezes), evacuar, enfim…
Meus queridos, a tecnologia tem um lado maravilhoso, mas quem olha para a idade dos vossos barcos percebe que vocês não foram feitos para ela. Por isso, desistam. Por vocês, por nós e pelo bem comum.
Pensando nos bons momentos que passámos juntos, despeço-me com afecto.
Um beijinho deste vosso admirador… doidões.
Ainda bem que hoje é dia 26 de Maio:
2ª Feira, 26 de Maio de 2008 |
Céu geralmente muito nublado, com abertas na região Sul. Aguaceiros, em especial nas regiões do Norte e Centro, sendo por vezes fortes no Minho e Douro Litoral. Condições favoráveis à ocorrência de trovoadas e queda de granizo. Vento em geral fraco do quadrante oeste, soprando temporariamente moderado (15 a 30 km/h) de sudoeste. Nas terras altas o vento é moderado a forte (25 a 45 km/h) de sudoeste, rodando para noroeste. Neblina ou nevoeiro matinal. Pequena descida da temperatura nas regiões do interior Norte. ESTADO DO MAR Costa Ocidental: Ondas de noroeste com 2 a 3 m. Temperatura da água do mar: 16/17ºC Costa Sul: Ondas de sudoeste inferiores a 1 m. Temperatura da água do mar: 17ºC TEMPERATURAS MÁXIMAS PREVISTAS: PORTO - 17 LISBOA - 19 FARO - 19 |
20 de maio de 2008
Perigo eminente
Entretanto, um outro sujeito indignou-se com a notícia da qual é protagonista. Foi meu entrevistado, fez determinadas observações e assinou-as por baixo, mas ao que parece sentiu-se intimidado quando as viu preto no branco.
Os dois episódios mostram bem como tendemos a ser pequenos. Se à frente de um jornalista, pois que nada nos intimida. Quando o que dizemos se transforma em resultado, venha a Virgem para nos salvar.
Somos corajosos ou não? Assumimos as nossas convicções ou temos medo delas? Temos medo e somos cobardes.
18 de maio de 2008
...
Então, porque somos hoje o resultado de uma conta de somar passada, fazemos o que não queremos e dizemos o que não devemos. Malditos de nós por termos história.
15 de maio de 2008
14 de maio de 2008
O preço da gasolina
Os combustíveis aumentaram novamente, pela 15ª vez este ano. No caso, gasolina e gasóleo custam agora mais 3 cêntimos.
Bonito de se ver, nestas ocasiões é o português histérico a correr à bomba de gasolina, cerca das 22 horas, para atestar o depósito. Isto, feitas as contas, é mais ou menos assim: e um depósito levar, em média, 50 litros, a poupança é de, cá a ver... €1,5. AH! Realmente vale a pena, especialmente porque as filas em alguns postos eram de cerca de uma hora e é fácil de perceber que a mais valia desaparece logo enquanto se espera.
Sobre o resto, duas notas: Carga fiscal demasiado elevada e socialmente cega. Petrolíferas pouco dispostas a baixar a margem de lucro.
11 de maio de 2008
Ao que chega o descaramento...
Local: Minho e Grande Porto.
Condições: Não remunerado
Exige-se: Conhecimento em jornalismo regional
Carga de Trabalhos
9 de maio de 2008
Nota breve
8 de maio de 2008
Tristes de nós.
7 de maio de 2008
A história de G.
Chegou a estar presa a uma cama, amarrada durante quatro anos. Libertou-se e construiu uma vida tão frágil como o seu corpo. G., por enquanto é assim que a vão conhecer, é uma mulher coragem, como uma história para contar. Pediu-me para ser o seu narrador e eu não pude dizer que não.
Desejem-me sorte, que eu desejo-me capaz de fazer dela um livro.
6 de maio de 2008
Se eu tivesse um jornal
Se eu tivesse um jornal, seria um semanário e seria gratuito, mas não como os gratuitos que circulam por aí - com redacções cheias de estagiários, que mal sabem escrever ou não passam de esforçados miúdos, iludidos por um sonho que não se vai concretizar, porque o jornalismo actual não é como eles pensam.
Ainda assim, todos quantos lá trabalhassem amariam a profissão. Ninguém teria um horário a cumprir, porque não seria preciso. Os ordenados seriam tão bons quanto fosse possível e o ambiente exemplar. Seria uma redacção com muita luz, numa sala ampla, em que cada um teria o seu próprio espaço, que decoraria e usaria ao seu gosto. A net seria de acesso livre, sem sites restritos.
Nas páginas, nem um comentador dos habituais. Gente de ideias feitas, mas com o ingrediente 'novidade'. Académicos, intelectuais, cientistas, escritores e até jornalistas. Mentes brilhantes, enfim.
Cada peça seria pensada, investigada, reflectida e amadurecida antes de ser publicada, sem espaço para o jornalismo de agência.
Se eu tivesse um jornal, quando eu tiver um jornal, seria, vai ser um jornal de jornalismo e sei que percebem o que quero dizer.
Tenho tudo. Tenho a ideia, tenho a certeza de que vai funcionar. Tenho a pessoa certa e sei quem mais convidar. Alguém quer pagar?
E esta?
Segundo os familiares, a vítima padece de limitações físicas e apresentava sinais de maus-tratos em diversas partes do corpo."
Agência Lusa
1 de maio de 2008
Jerónimo, o sentenciador
"Um ovo com salmonela nunca dará uma boa omolete".