Indignado, Carlos Cruz passou a última semana entre jornalistas, dando entrevistas e aparecendo em tudo quanto é órgão de comunicação social do país.
Em todas as aparições, além de jurar a pés juntos a sua inocência, houve um outro denominador comum no discurso: a vitimização por, alegadamente, ter sido sempre ele o escolhido pelos media, de cada vez que era preciso ilustrar uma notícia a propósito do processo Casa Pia.
No entanto, aquilo que Cruz lamenta é também resultado do seu próprio comportamento ao longo dos últimos anos de julgamento e já antes, nas fases de investigação e instrução. O ex-apresentador nunca se inibiu de fazer aparições públicas ou justificar-se nas páginas dos jornais, nos microfones da rádio ou perante as câmaras de televisão. A linguagem e o ritmo da comunicação, que conhecerá como poucos e que agora condena, foram e continuam a ser o seu palco privilegiado.
Carlos Cruz expôs-se como ninguém. Não bastassem os minutos de antena e as páginas impressas, criou um site, suscitou a sua visita, usou-o para chamar a opinião pública à sua causa.
Se é legítima e consciente a estratégia utilizada, é mais criticável que, usando-a, venha agora tentar moralizar os jornalistas, acusando-os de terem feito do caso de pedofilia, o "Caso Carlos Cruz". Além de que, para denunciar a sobre-exposição, expõe-se ainda mais.
Tudo é estranho no dossier Casa Pia. O tempo que demorámos a chegar aqui e, mesmo chegados, os dias que são precisos para se conhecer a versão final e completa do acórdão do colectivo de juízes. Problemas de compatibilidade são, digo eu, um utilizador regular de diferentes processadores de texto, argumentos pouco válidos. A não ser que tenha sido utilizado um software soviético, do tempo da Guerra Fria, a comunicação entre programas resolve-se, hoje em dia, com um simples "save as" no formato correcto.
Estranho não é, contudo, que Carlos Cruz seja o epicentro do circo que ajudou a montar. Bem vistas as coisas, talvez nós, jornalistas, pequemos por excesso, sim. Sedentos de notícias e perante um 'easy going guy', esquecemo-nos do essencial: a justiça condenou-o e não seremos nós a absolve-lo.
Em todas as aparições, além de jurar a pés juntos a sua inocência, houve um outro denominador comum no discurso: a vitimização por, alegadamente, ter sido sempre ele o escolhido pelos media, de cada vez que era preciso ilustrar uma notícia a propósito do processo Casa Pia.
No entanto, aquilo que Cruz lamenta é também resultado do seu próprio comportamento ao longo dos últimos anos de julgamento e já antes, nas fases de investigação e instrução. O ex-apresentador nunca se inibiu de fazer aparições públicas ou justificar-se nas páginas dos jornais, nos microfones da rádio ou perante as câmaras de televisão. A linguagem e o ritmo da comunicação, que conhecerá como poucos e que agora condena, foram e continuam a ser o seu palco privilegiado.
Carlos Cruz expôs-se como ninguém. Não bastassem os minutos de antena e as páginas impressas, criou um site, suscitou a sua visita, usou-o para chamar a opinião pública à sua causa.
Se é legítima e consciente a estratégia utilizada, é mais criticável que, usando-a, venha agora tentar moralizar os jornalistas, acusando-os de terem feito do caso de pedofilia, o "Caso Carlos Cruz". Além de que, para denunciar a sobre-exposição, expõe-se ainda mais.
Tudo é estranho no dossier Casa Pia. O tempo que demorámos a chegar aqui e, mesmo chegados, os dias que são precisos para se conhecer a versão final e completa do acórdão do colectivo de juízes. Problemas de compatibilidade são, digo eu, um utilizador regular de diferentes processadores de texto, argumentos pouco válidos. A não ser que tenha sido utilizado um software soviético, do tempo da Guerra Fria, a comunicação entre programas resolve-se, hoje em dia, com um simples "save as" no formato correcto.
Estranho não é, contudo, que Carlos Cruz seja o epicentro do circo que ajudou a montar. Bem vistas as coisas, talvez nós, jornalistas, pequemos por excesso, sim. Sedentos de notícias e perante um 'easy going guy', esquecemo-nos do essencial: a justiça condenou-o e não seremos nós a absolve-lo.