20 de abril de 2007

As crianças não mentem. Não mentem, pronto.

E de repente um homem percebe que o chavão "as crianças não mentem" é tão verdade como a relação causa-consequência chocolates-soltura.

Por 'cousas' que não cabem neste espaço passei parte da noite de ontem para hoje encafuado numa urgência hospitalar. Entre a senhora que queria que alguém lhe trocasse "5 euros para poder tirar um café" ou o brasileiro que levou "uma pica no cu", mas que antes, apesar dos exteriores sinais de abichanamento, terá dito "que tinha de ser uma gata a dar a pica", estava um casal com uma pequena Érica.

O maleitado era o pai de família. Tinha a mão ensanguentada e cara de tinto. Nervoso, não sossegava o desatino e entre dentro, fora, dentro, fora, dentro, fora, lá acabou por chamar a atenção deste peão.

Acontece que, como referia, o homem estava acompanhado pela sua medonha esposa e por uma descarada filha:

- Olá. Como chama o senhor? - pergunta-me.

- Nuno e tu chamas-te, deixa cá ver, hum... Érica! Acertei?

- Sim. Olha a garrafa do pai.

- Ai que gira. Tem água ou vinho? *

- Água - e com isto deixa caír a garrafa no chão.

- Oh Érica, daqui a bocado a garrafa parte-se e depois o teu pai fica chateado contigo - aviso, interessado em tentar perceber a percebção da criança sobre a possibilidade do progenitor 'ferver em pouca água'.

- O pai veio cá porque tem uma ferida. Foi a mãe, na mesa.

Responde a mãe, muito aflita:

- Érica, tu também contas as coisas à tua maneira.


Ups.

* Este frase não foi dita exactamente nestes termos.

Sem comentários: