Há agora uma grande discussão sobre a proibição de homossexuais (homens) darem sangue. A questão não é nova. Há muitos anos que sou dador e sempre que fiz uma dádiva, ao passar pelo rastreio, tive como pergunta a inevitável: "já teve alguma relação homossexual?"
Ora, confesso que o critério sempre me causou algum incómodo e só não percebo porque é passaram tantos anos até a polémica rebentar.
Fazer depender a aceitação da dádiva de alguém de uma pergunta deste género é, mais do que uma violenta forma de discriminação, um grande disparate. Em primeiro lugar, não é sensato partir do pressuposto de que todos os homossexuais levam uma vida sexual desprotegida. Depois, é como se não existissem heterossexuais com o juízo fora do sítio (enquanto põem outras coisas em sítios que mal conhecem). Finalmente, a maioria do homens que têm comportamentos homossexuais não o assumem no seu círculo de amigos mais fechado, quanto mais perante uma enfermeira que conheceram há 20 segundos.
O sangue doado é sempre devidamente analisado e não é um questionário de escola que vai impedir o dador de doar o seu sangue, se for essa a sua verdadeira intenção. Toda a gente mente e no que toca à nossa vida privada mentimos com quantos dentes temos, sem grandes problemas de consciência. Assim, porque raio é que não se aceita a oferta de quem quer doar e, depois das análises, se o sangue não servir, logo se informa o dador do porquê? A prática nem sequer é inovadora. Eu próprio, que nunca parti o farolim, já tive sangue rejeitado por culpa de um problema de fígado.
Bem vistas as coisas, se o Estado acha que os gays deste país são todos uns pervertidos, eis uma boa maneira de lhes descobrir as doenças que, pelos vistos, andam a espalhar pelos rabos da nobre Nação.
1 comentário:
Sou mais uma a achar tudo isto um perfeito disparate. É triste mas acontece neste cantinho à beira mar plantado.
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