4 de outubro de 2006

Glosas soturnas

Mote
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar (...)
Sophia de Mello Breyner

Glosas (numa adaptação livre do conceito)
Pelo ventre da terra serei colhido e arrependimento me tornarei. Saudade (um pouco mais que hoje).
Serei, contudo, certeza purificada na convicção dos "já não aflitos". O meu corpo desfeito voltará à terra e na simplicidade orgânica dos pedaços corcomidos encontrará nova vida, oferecendo-se à ruminante e despudorada existência da escuridão subterrânea.
Darei por mim restolho de ceifa terminada, num quase nada de poácea. Lamento e certeza, na exactidão de uma dor, meu fado e caminho.
Não sei onde (se) me perdi, mas sei, isso sim, que tenho encontro marcado comigo.

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