22 de setembro de 2006

Epílogo

“… porque afinal, quantas vezes não [te] perdemos ou deixámo-nos perder na fragilidade dos instantes…”


Podia ser ela a frase de um qualquer parágrafo ‘daquele’ livro. Mas é despida de prefixo ou sufixo. Escrevi-a para que exista agora, só. É ela por ela, como nós próprios somos tantas vezes. Somos aqui e agora, diferentes do antes, necessariamente diferentes do depois. Somos, simplesmente.

O Livro de que te falo: Lugares feitos de uma linguagem demasiado coloquial. Ainda assim, uma boa história entre o “tu” e o “eu”. A prova irrefutável de que não nos controlamos para lá do que conseguimos controlar.

Somos culpados dessa fraqueza que herdámos do eterno passado? Não tanto como somos por acreditar que a liberdade nos pertence. Na liberdade encontramos a necessidade de ter alguém que nos prenda, porque os espaços largos existem para dois.

Quando somos em alguém, somos o nosso reflexo: Tanto gostamos do que vemos, como nos detestamos. A comunhão de emoções falha quando olhamos e sucessivamente não “nos revemos”.

Depois, bem, depois voltamos a olhar para nós próprios, sedentos de Ser, encontramo-nos até nos voltarmos a sentir ausentes. Então, procuramos novo corpo que queira ser reflexo do que já não sabemos se ainda somos. Primeiro o corpo, depois a alma, que é “cousa” mais duradoura.

Seremos sempre nós, pelas recordações do reflexo.

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