Tento imaginar o que ele pensa:
Despeço-me da conjuntura. Estruturalmente continuo por aqui. Mais um tempo, não muito: Um Homem não se desapega assim de um sítio onde esteve uma vida.
Preciso de tempo para me esquecer da rotina que aprendi a cumprir. Habituei-me a ir, a estar, a voltar. A sentir-me em casa e a andar perdido.
Achei-me capaz de mudar o mundo, depois tentei mudar alguém e passei o restante a procurar perceber-me a mim próprio. Mudar-me (riso abafado). Mudou-me antes o tempo. Carregou-me de passado.
Se hoje me esqueço de quem fui é porque não aguento o peso de tantas luas.
Não sou nostálgico. Não sou, mesmo. Mas compreendam, conjunturalmente já nada me prende: Só as recordações. As que restam, claro.
Muito mais do que os livros que li, os filmes que vi, as músicas que ouvi, a terra que toquei, sou hoje os dias que vivi (sem os livros, os filmes, a música e a terra), os milhares de vezes que abri os olhos, fechei-os e voltei a abri-los. Nunca, até agora, que sou só estrutura, me preocupei com a possibilidade de adormecer e perder... perder “amanhã”.
Deambulei.
Este é o sítio de onde nunca saí: A vida. A minha vida foi (é?) o meu sítio e é nela que me sinto e que sou, talvez pela última vez.
Preciso de tempo para me esquecer da rotina que aprendi a cumprir. Habituei-me a ir, a estar, a voltar. A sentir-me em casa e a andar perdido.
Achei-me capaz de mudar o mundo, depois tentei mudar alguém e passei o restante a procurar perceber-me a mim próprio. Mudar-me (riso abafado). Mudou-me antes o tempo. Carregou-me de passado.
Se hoje me esqueço de quem fui é porque não aguento o peso de tantas luas.
Não sou nostálgico. Não sou, mesmo. Mas compreendam, conjunturalmente já nada me prende: Só as recordações. As que restam, claro.
Muito mais do que os livros que li, os filmes que vi, as músicas que ouvi, a terra que toquei, sou hoje os dias que vivi (sem os livros, os filmes, a música e a terra), os milhares de vezes que abri os olhos, fechei-os e voltei a abri-los. Nunca, até agora, que sou só estrutura, me preocupei com a possibilidade de adormecer e perder... perder “amanhã”.
Deambulei.
Este é o sítio de onde nunca saí: A vida. A minha vida foi (é?) o meu sítio e é nela que me sinto e que sou, talvez pela última vez.
Foto: Tirada em Peniche, em Abril deste ano.
1 comentário:
Grande texto!
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