8 de agosto de 2009

E o carro avariou

Tenho uma muito boa para vos contar. Hoje, depois de ter despachado o trabalho, saí para o Belas (o centro comercial de que já aqui falei), em escala para uma curta viagem à cidade. Peguei na "pequena", pegámos no carro dela e começámos a galgar quilómetros. Feita a Samba (a estrada que liga Luanda Sul ao centro), o habitual trânsito de final de tarde. Nada de novo, não fosse o carro decidir protagonizar um ataque de loucura. "Oh, o carro está a deitar fumo". Estava mesmo... e de que maneira. Encostámos à berma - Luanda não é um sítio fixe para "encostar à berma" e tentámos, com base nos nossos escassos conhecimentos de mecânica, fazer um relatório do sucedido. Como ainda há gente boa, fomos logo rodeados por vários transeuntes que não nos queriam assaltar, só mesmo ajudar. Diagnosticado o problema - falta de água no radiador - e após a aparente resolução, o regresso à estrada... por alguns minutos.
Porque o destino final implicava atravessar uma zona muito engarrafada, optámos por cortar pelo meio do Prenda, com ligação directa ao Cassenda. Dois bairros - duas favelas, vá - ao melhor estilo da capital. Enquanto serpenteávamos por entre buracos e esgotos a céu aberto, comentei com a Susana que "olha, ao menos tenho uma história para o blog". Ora, mal sabia eu que ainda lhe faltavam alguns parágrafos. Está-se bem de ver que a opção bidonville não foi a mais inteligente. É que com quase 27 anos já deveria saber que um disparate nunca vem só. Se assim fosse, talvez tivesse previsto que o carro voltaria a fumegar. Agora em pleno gueto.
Foi, acho que é sensato resumir a experiência nestes termos, a pior hora que vivi desde que cheguei a Angola. Imaginem: Noite escura, uma rua imunda, sem iluminação, rodeados de barracas, com uns madiés de mau aspecto a passar, a parar e a olhar para o recheio do carro. Soubessem eles que ali dentro estavam dois telemóveis novos, um iPod e uma Playstation e de certeza que a experiência teria tido um desfecho diferente. Lá acabou por aparecer um gaiato disponível para, em troco de alguns kwanzas, ir buscar água que voltámos a pôr no radiador. Deu para chegar a casa e jurar que segunda de manhã o carro vai para a oficina.

*A foto é de uma rua do Cassenda... durante o dia.

4 comentários:

Alda Couto disse...

Ó Nossa Senhora! Espero que te paguem mesmo muito bem!...

You know who disse...

Agora tens uma história ainda melhor para pôr no blog!

andorinhaavoaavoa disse...

Desta não te esqueces tão facilmente! Tomem juízo! Falta aí a mãe!! LOL

andorinhaavoaavoa disse...

Desta não te esqueces tão facilmente! Tomem juízo! Falta aí a mãe!! LOL