22 de dezembro de 2011

Mar

Às vezes, e hoje é uma dessas vezes, penso que o jornalismo já não me basta.

É verdade que fiz muitas coisas nestes onze anos e meio: vivi em três países, visitei duas dezenas de outros, experimentei a rádio, a televisão e os jornais. Mas também é certo que perdi a inocência dos primeiros tempos.

Não mudamos o mundo, raramente fazemos a diferença e na maior parte dos casos as pessoas, simplesmente, não querem saber. Os leitores, os ouvintes, os telespectadores conseguem ser especialmente cruéis, como se todos pudessem errar... menos nós, os tipos das notícias.

Gosto muito daquilo que faço, não sou derrotista, nem estou conformado. Tenho a sorte de ser quem sempre quis (nunca ponderei outra profissão), mas em dias assim vou-me daqui.

E é então que penso em ser marinheiro.

Aproveito-me destes desconsolos para imaginar uma vida a bordo. Claro que me retenho apenas no lado lírico. A imensidão, as chegadas e as partidas, a leveza das paixões fáceis e de circunstância, o je ne sais quoi.

Todas as cidades onde vivi tinham com o mar - ou com o rio - uma relação de dependência que, julgo, ter-se-à apoderado de mim. Há nele um sentido de ir. Em mim também.


(A versão original deste post foi 'comida' pelo Blogger. Reescrevi-o)



2 comentários:

Alda Couto disse...

:):):) e que bom que é quando se consegue ir e vir e ir outra vez, sem medo da vida e sem conformismos :) é claro que é preciso estar preparado para as contrariedades de uma escolha dessas, mas todas as escolhas as têm, às contrariedades. O segredo é tentar imaginar quais serão e escolher o mais conscientemente possível.
Por mim, gostava que alguém tivesse sido capaz de me dizer isto (ou algo de parecido) :):)

gralha disse...

Tu queres é uma mulher em cada porto, deixa-te lá de romantismos! :P