Os dois últimos posts publicados neste blog foram alvo de más interpretações e comentários desagradáveis - e ameaçadores - por parte de alguns leitores. Se o primeiro era um texto irónico, relativo ao facto de ter sido assaltado nas ruas da cidade da Praia, por um individuo que levou apenas uma carteira com 10 escudos e a minha carta de condução, o segundo era uma reacção a um desses comentários, que me pareceu (e parece) descabido e sem qualquer fundamento.
No meu segundo texto fiz aquilo que não se deve fazer: Dar valor a um comentário que poderia, simplesmente, ter sido apagado. A autora do dito comentário não percebeu aquilo que eu tentei dizer a priori: não se tratava, Maria, de uma desvalorização do crioulo, antes uma forma humorística de encarar o assalto de que fui vítima.
Todos os cabo-verdianos devem ter orgulho na sua língua materna, mas esse orgulho não pode servir para encobrir uma realidade que é assumida, inclusive, por alguns agentes políticos: há um problema com o ensino e aprendizagem do português. Há um problema em Cabo Verde, na Guiné, em Moçambique, em São Tomé, em Timor Leste e até, imagine-se, em Portugal. Objectivamente, o Brasil é hoje o único e verdadeiro motor da lusofonia no mundo.
Se há coisa que abomino (a palavra é destacada propositadamente) é o preconceito de qualquer espécie. O fundamentalismo - e a falta de disponibilidade para discutir qualquer assunto, sem ameaças e com abertura de espírito - é também uma forma de preconceito.
O meu avô brasileiro, a minha avó e o meu pai angolanos, a minha mãe portuguesa e a minha mulher cabo-verdiana ensinaram-me que o mundo não acaba no fim da rua. Agora, para se conversar, serão sempre precisos dois.
Que me desculpem os leitores que contribuíram de forma construtiva para o debate aqui iniciado. Os textos foram retirados e o blog segue já a seguir.
Abraço a todos.
No meu segundo texto fiz aquilo que não se deve fazer: Dar valor a um comentário que poderia, simplesmente, ter sido apagado. A autora do dito comentário não percebeu aquilo que eu tentei dizer a priori: não se tratava, Maria, de uma desvalorização do crioulo, antes uma forma humorística de encarar o assalto de que fui vítima.
Todos os cabo-verdianos devem ter orgulho na sua língua materna, mas esse orgulho não pode servir para encobrir uma realidade que é assumida, inclusive, por alguns agentes políticos: há um problema com o ensino e aprendizagem do português. Há um problema em Cabo Verde, na Guiné, em Moçambique, em São Tomé, em Timor Leste e até, imagine-se, em Portugal. Objectivamente, o Brasil é hoje o único e verdadeiro motor da lusofonia no mundo.
Se há coisa que abomino (a palavra é destacada propositadamente) é o preconceito de qualquer espécie. O fundamentalismo - e a falta de disponibilidade para discutir qualquer assunto, sem ameaças e com abertura de espírito - é também uma forma de preconceito.
O meu avô brasileiro, a minha avó e o meu pai angolanos, a minha mãe portuguesa e a minha mulher cabo-verdiana ensinaram-me que o mundo não acaba no fim da rua. Agora, para se conversar, serão sempre precisos dois.
Que me desculpem os leitores que contribuíram de forma construtiva para o debate aqui iniciado. Os textos foram retirados e o blog segue já a seguir.
Abraço a todos.
10 comentários:
E eu perdi isto tudo...
Só quem está de fora e não te conhece, é que poderia interpretar um post como aquele sem o sentido de humor e ironia que lá estavam implícitos, apesar do momento lamentável que viveste. É isso mesmo, segue com o blog, que carteiras há muitas, "meu palerma"!
Caro Nuno,
Em minha opinião, não devia apagar os dois posts. Percebi que você foi mais uma vítima de um problema bicudo, que a nossa sociedade não sabe ainda lidar com ela.
Além disso, admirei o "fair play" com que encarou a situação pois conseguiu brincar com um episódio onde a sua vida esteve em perigo!
Também arrepelo com abominação esses cabo-verdianos, pequenos, que se ofendem à mais pequena crítica.
Para a próxima, ignore-os, caro Nuno.
Caro Nuno,
O que não percebi, e talvez possas explicar melhor, é a ligação entre:
"Todos os cabo-verdianos devem ter orgulho na sua língua materna"
e
"Mas esse orgulho não pode servir para encobrir uma realidade que é assumida, inclusive, por alguns agentes políticos: há um problema com o ensino e aprendizagem do português."
A pergunta que se impõe é: o que é que uma coisa têm a ver com a outra?
Realmente, tinha lido o post sobre o assalto e não tinha visto nada de mal nele, mas já este outro preocupou-me imediatamente, pois as interpretações podem ser várias.
Um esclarecimento, se não te importas.
Não deste importância de mais?! Quando é isso não se publicam e pronto :)
Ora bolas...
Recebi um comentário a este post, de um anónimo que, contudo, coloca uma pergunta interessante. Caro leitor, identifique-se e terei todo o gosto em prosseguir diálogo consigo.
Abraço,
N
Isto está a subir de nível. Já existe a possibilidade de diálogo com anónimos lol. Eu acho que fizeste bem. Embora quem te conheça entenda perfeitamente o que escreveste e porque o fizeste, existem muitas pessoas que só complicam e trazem problemas. Segue em frente, com o estilo que todos nós conhecemos! ;)
Caro Nuno,
Como já vi que sou o único a reparar na questão que lhe coloquei, talvez não tenha tido a intenção de dizer aquilo que pensei à primeira leitura.
Portanto, não se preocupe comigo e faça o que achar correcto (entendo perfeitamente que não queira responder a um anónimo).
Abraço
Que pena que tiraste.
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