20 de fevereiro de 2010

Explicação aos leitores

Os dois últimos posts publicados neste blog foram alvo de más interpretações e comentários desagradáveis - e ameaçadores - por parte de alguns leitores. Se o primeiro era um texto irónico, relativo ao facto de ter sido assaltado nas ruas da cidade da Praia, por um individuo que levou apenas uma carteira com 10 escudos e a minha carta de condução, o segundo era uma reacção a um desses comentários, que me pareceu (e parece) descabido e sem qualquer fundamento.

No meu segundo texto fiz aquilo que não se deve fazer: Dar valor a um comentário que poderia, simplesmente, ter sido apagado. A autora do dito comentário não percebeu aquilo que eu tentei dizer a priori: não se tratava, Maria, de uma desvalorização do crioulo, antes uma forma humorística de encarar o assalto de que fui vítima.

Todos os cabo-verdianos devem ter orgulho na sua língua materna, mas esse orgulho não pode servir para encobrir uma realidade que é assumida, inclusive, por alguns agentes políticos: há um problema com o ensino e aprendizagem do português. Há um problema em Cabo Verde, na Guiné, em Moçambique, em São Tomé, em Timor Leste e até, imagine-se, em Portugal. Objectivamente, o Brasil é hoje o único e verdadeiro motor da lusofonia no mundo.

Se há coisa que abomino (a palavra é destacada propositadamente) é o preconceito de qualquer espécie. O fundamentalismo - e a falta de disponibilidade para discutir qualquer assunto, sem ameaças e com abertura de espírito - é também uma forma de preconceito.

O meu avô brasileiro, a minha avó e o meu pai angolanos, a minha mãe portuguesa e a minha mulher cabo-verdiana ensinaram-me que o mundo não acaba no fim da rua. Agora, para se conversar, serão sempre precisos dois.

Que me desculpem os leitores que contribuíram de forma construtiva para o debate aqui iniciado. Os textos foram retirados e o blog segue já a seguir.

Abraço a todos.

10 comentários:

Anónimo disse...

E eu perdi isto tudo...

rlima disse...

Só quem está de fora e não te conhece, é que poderia interpretar um post como aquele sem o sentido de humor e ironia que lá estavam implícitos, apesar do momento lamentável que viveste. É isso mesmo, segue com o blog, que carteiras há muitas, "meu palerma"!

Amílcar Tavares disse...

Caro Nuno,

Em minha opinião, não devia apagar os dois posts. Percebi que você foi mais uma vítima de um problema bicudo, que a nossa sociedade não sabe ainda lidar com ela.

Além disso, admirei o "fair play" com que encarou a situação pois conseguiu brincar com um episódio onde a sua vida esteve em perigo!

Também arrepelo com abominação esses cabo-verdianos, pequenos, que se ofendem à mais pequena crítica.

Para a próxima, ignore-os, caro Nuno.

Anónimo disse...

Caro Nuno,

O que não percebi, e talvez possas explicar melhor, é a ligação entre:

"Todos os cabo-verdianos devem ter orgulho na sua língua materna"

e

"Mas esse orgulho não pode servir para encobrir uma realidade que é assumida, inclusive, por alguns agentes políticos: há um problema com o ensino e aprendizagem do português."

A pergunta que se impõe é: o que é que uma coisa têm a ver com a outra?

Realmente, tinha lido o post sobre o assalto e não tinha visto nada de mal nele, mas já este outro preocupou-me imediatamente, pois as interpretações podem ser várias.

Um esclarecimento, se não te importas.

Alda Couto disse...

Não deste importância de mais?! Quando é isso não se publicam e pronto :)

gralha disse...

Ora bolas...

Nuno Andrade Ferreira disse...

Recebi um comentário a este post, de um anónimo que, contudo, coloca uma pergunta interessante. Caro leitor, identifique-se e terei todo o gosto em prosseguir diálogo consigo.

Abraço,

N

andorinhaavoaavoa disse...

Isto está a subir de nível. Já existe a possibilidade de diálogo com anónimos lol. Eu acho que fizeste bem. Embora quem te conheça entenda perfeitamente o que escreveste e porque o fizeste, existem muitas pessoas que só complicam e trazem problemas. Segue em frente, com o estilo que todos nós conhecemos! ;)

Anónimo disse...

Caro Nuno,

Como já vi que sou o único a reparar na questão que lhe coloquei, talvez não tenha tido a intenção de dizer aquilo que pensei à primeira leitura.

Portanto, não se preocupe comigo e faça o que achar correcto (entendo perfeitamente que não queira responder a um anónimo).

Abraço

you know who disse...

Que pena que tiraste.