23 de junho de 2009

Sinto-me do tamanho do mundo (e eu sei que preferias que não escrevesse sobre isto)

Sou mesmo do tamanho do mundo. Bem, não literalmente, mas em ideia, pelo menos.
A intenção de viver fora de Portugal não é nova. Sempre quis experimentar. Durante anos, não tantos assim, fartei-me de viajar. Em cada ida, quase sempre sem companhia, dei por mim a achar que seria capaz de mudar de vida ao ponto de ficar no sítio que visitava e recomeçar, logo ali, tudo de novo (o que é que se recomeça aos vinte e poucos anos?).
A oportunidade de vir para Angola - e há um ano o telefone tocava com o convite - chegou na altura certa. Dividia-me por três empregos, trabalhava nunca menos de 15 horas por dia e tinha muito pouco tempo para lá daquele que usava a saltar entre redacções. Estava relativamente saturado de tamanha agitação, embora só me apercebesse disso nas escassas folgas de que gozava.
Após uma espera angustiante, lá entrei para o avião e horas depois levei, pela primeira vez, com o bafo que sente quem desce a escada de desembarque, em direcção à pista do 4 de Fevereiro.
Estes meses aqui - e não tarda serão 12 - tiveram o propósito maior de me mostrar - como se eu ainda não tivesse visto - que o mundo é enorme, mas o mais longe que existe é já aqui ao lado. Sou um tipo diferente, agora. Não sou necessariamente um sujeito mais responsável ou melhor. Apenas mais experiente e isso pode fazer toda a diferença. Fará, pelo menos, daqui por diante.
Não sei o que me reservam os próximos tempos. O turbilhão de emoções que foi, em resumo, o meu passado recente, não deixa grande margem para ilações. Será, pois então, um "esperar para ver". Porém, cruzo-me de quando em vez com pensamentos estranhos e fico sem saber como lidar, ao certo, com eles. Quer dizer, saber, até sei. Não sei é como expressa-los. A ver se vocês me entendem.
Não quero ter casa. É isto. Claro que não penso viver na rua, mas gostava de ter a coragem de viver só do mundo (e não confundam com viver "no mundo"). Se fosse capaz, se fosse muito capaz, ia por aí. Passava anos de vida a saltar de morada em morada para depois, já velho (ou envelhecido) voltar à casa de partida e ficar o resto do tempo a contar as histórias do que vivi.
Quero ter uma vida cheia de enredos. Um não me basta.
E com isto considerem-se avisados para o que possa vir a caminho.

8 comentários:

MissKitsch disse...

É agora o tempo de andar a saltar, parece-me. Porque chegará o tempo de querer ficar quieto, sossegado... E isso só vale a pena se houver coisas a contar.
Já podes fazer um riscquinho na tua lista, uma já tens. E isso, bem visto, não é coisa pouca!

andorinhaavoaavoa disse...

Podes ser um cidadão do mundo, viver do mundo e o diabo a sete se isso te fizer feliz! Mas nunca te esqueças de quem gosta de ti (bués) e sente saudades! Podes passar aqui na tuga de vez em quando nem que seja só para matar essas saudades!

de Marte disse...

Muitos de nós sentem essa vondade, esse ímpeto.
Só alguns têm the balls para o fazer.

:)

sakura disse...

E vai correr tudo bem, seja qual for o caminho que escolheres...
Beijo*

Sereia disse...

Se eu pudesse daria a volta ao mundo e não em 80 dias, por isso miúdo, go 4 it!

gralha disse...

Se tivesse de apostar, apostava que vais andar a começar de novo várias vezes, em vários sítios diferentes.

Tia? disse...

A quem?

João F. disse...

Isto de andar por aí, livremente, não é tão complicado como a maioria das pessoas pensa, basta só teres esse desejo e depois o que custa é dares o primeiro passo, é teres a coragem para avançar...por isso Nuno...AVANÇA!!!