15 de setembro de 2011

Dos sítios


Se pudesse escolher, sem cuidar de nada mais a não ser da vontade, escolheria morar num espaço híbrido, algures entre o campo e a cidade. Preciso dos dois, ou do melhor de cada um. Do sossego rural e da vivacidade urbana, do silêncio e da confusão, do não acontecer nada e do acontecer tudo.

Sou cosmopolita numa razão não muito exacta. Gosto de me fazer rodear de gente diferente e adapto-me bem a qualquer situação. Sinto-me em casa com facilidade e acho sempre que o sítio onde cheguei é aquele onde vou ficar.

Sou um campónio com muito pouco de agrícola. Não me fascinam por aí além os animais e as plantas, apenas a serenidade, o silêncio, o conforto do conhecido, as noites estreladas e o vento de outono.

Assiste-me uma inquietude e um desassossego inebriantes. Vou, quedo-me, volto a partir. Há nisto algo de epopeico - num canto à escala, sem poesia nenhuma, claro - mas também de profundamente extenuante.

Boa, má; enorme, pequena; Assim é esta sensação de perceber que se pertence a todo o lado, sem se ser (sendo-se cada vez menos) de sítio algum.

Para onde irei, no dia em que quiser voltar?

3 comentários:

Alda Couto disse...

:):):) És um homem do mundo, portanto :)

Jardineiro do Rei disse...

Tás tramado Naf! Ao afirmares que as plantas não te seduzem, fizeste com eu fosse a correr ao notário alterar o testamento.

Nuno Andrade Ferreira disse...

Não pensei nisso. De facto, é melhor mudar a minha perspectiva sobre o assunto. Não quero ficar sem as fábricas e as herdades :)