27 de novembro de 2007

A campanha da Tagus


Uma campanha da cerveja Tagus resultou ontem em polémica, depois das associações de defesa dos interesses homossexuais terem vindo a público criticar o que consideraram ser uma acção com "cunho sexista".

Resumidamente, a Tagus colocou na rua, por intermédio da Porter Novelli, a agência que detém a conta da marca de cerveja, uma campanha publicitária sob o lema "Orgulho Heterossexual". Vários cartazes apresentavam um slogan que apelava ao sentido hetero dos consumidores de cerveja.

Uma das vozes mais críticas da fórmula encontrada pelos criativos foi a dos activistas dos Panteras Rosa. No seu blog teceram vários comentários aos cartazes e ao site, entretanto criado e já modificado.

A campanha da Tagus não prima pelo aprumo e um pouco mais de imaginação e esforço teria evitado a vulgaridade do tema. Como se beber cerveja fosse motivo de rivalidade entre "adeptos" de uma ou de outra orientação sexual. Contudo, registo os argumentos de defesa usados pela associação que aqui citei: "Mas sobretudo porque não é a orientação sexual que é motivo de orgulho. "

No fundo, os Panteras criticam a terminologia usada na acção, sem cuidar de olhar para si próprios. Pergunto, se usar a expressão "orgulho heterossexual" é ofensivo e ostensivo, como é que devemos definir as marchas de "orgulho gay?", onde a pândega sai à rua com plumas e lantejoulas?

A homossexualidade não me incomoda, o que me mina a paciência é a falta de espírito aberto de quem às segundas, quartas e sextas veste de rosa e às terças e quintas detesta quem se atreve a questionar o status quo.

Por outro lado, voltando às marchas, nunca percebi bem onde é que se pretende chegar com um desfile de gente vestida de forma pirosa. Eu aceito alguém que tem uma opção sexual diferente da minha, mas não me obriguem a tolerar um gajo que se veste como se fosse um pavão. As pessoas não andam assim na rua, não se abanam, como se tivesse ovos no meio da peida, e não dão pulinhos como se fossem grilos (os grilos pulam?).

Quem se sente igual, não se deixa ofender por uma piada de mau gosto. Quem se sente igual, comporta-se como os seus pares. Reagir com gritaria a uma má campanha publicitária é relevar a diferença que de facto existe e um certo complexo por se ser como se é.

À Tagus faltou decência. Aos Panteras faltou a tolerância que tanto advogam.

5 comentários:

Inesa disse...

Tenho um 'post' sobre este assunto guardado na manga há algum tempo... assim acho que vou poupar trabalho e pôr um link para aqui.
O problema das minorias é sempre o mesmo... nunca olham para os própios umbigos. Normalmente são muito mais preconceituosos que os seus "inimigos".
Como diria uma colega minha... "era uma chapadona naquelas caras"!

Nuno Andrade Ferreira disse...

Força. Use it and abuse it.

Anónimo disse...

Ainda nao tinha visto os 3 pinguins la de cima. *adoro*

António Raminhos disse...

Realmente não ando a gritar ao mundo que gosto de gajas... acho que os apalpões que lhes dou são suficientes para perceberem isso...

Tó do Samouco

www.samoucoaorubro.blogspot.com

gralha disse...

Concordo parcialmente contigo... Ainda assim, se o Alberto João Jardim tem direito a desfilar no Carnaval com a sua grande barriga ornamentada, acho que os homossexuais mais bichezas têm todo o direito ao seu espalhafato. E acho que qualquer manifestação pró-hetero é sempre um bocadinho perigosa porque ainda há muito gente à espera de alguma confirmação - dos cientistas ou dos media, que é o que vem a seguir - que a mariquice é mesmo uma doença.