Este post é inspirado em algo que li por aí.
Trabalho num sítio onde as pessoas não abundam. Uma redacção pequena, emagrecida pela "crise", não deixa espaço para grandes jogos de cintura. Somos aqueles, estamos lá o dia todo e, gostemos ou não, temos que nos aturar.
Crente da inevitabilidade do acto, embora descrente na ordem das coisas, dou por mim a achar, legitimamente, creio, que não há volta a dar: ou gostas de trabalhar com eles ou tens a vida feita num inferno.
Sou um dos poucos trabalhadores (sentido geral), jornalistas (sentido restrito), que no seu primeiro emprego virou funcionário de quadro. Tenho subsídio de refeição, de férias e de Natal. Depois, não vivo a angústia dos 6 meses de contrato. Um dia convidaram-me para ficar e eu disse que sim.
O estatuto pode dizer pouco, embora diga qualquer coisa. Dá-me, na essência, uma cadeira no meio da sala, de onde vejo gente a entrar e a sair. Chegam, sentam-se durante uns meses, vão embora e nunca mais voltam. Tenho só sete anos de profissão e ainda assim, ainda assim, sou o mais antigo, sem ser o mais velho.
Nunca experimentei detestar as pessoas com quem trabalho. Claro, há gente que recebe um esforçado "bom dia", mas não nego uma graçola a ninguém, nem respondo mal ao pior dos javardos. Tendo a fazer-me de ingénuo, simplesmente para não ter que passar o dia (os dias) na mais ridícula ginástica mental de que há memória.
A um amigo, com quem nos trocámos de razões, deixamos de telefonar, de aparecer. Com um colega, nada feito. Amanhã voltamos a vê-lo.
Somos hipócritas no trabalho, sim. Seremos, eventualmente, metade de nós próprios. Ainda assim, prefiro ver uma parcela de mim, a imaginar entrar à porta e suportar 12 horas de um Auschwitz de paredes brancas.
Felizmente existem aqueles "camaradas" com quem conversamos, trocamos e-mails idiotas e bebemos café. Podemos não saber nada da vida pessoal deles (a não ser o que o tempo de convívio obrigou a conhecer), mas sabemos perfeitamente que cara fazem quando não querem ser incomodados.
No fundo, vivemos com eles. Partilhamos a casa, temos um microondas comum e tomamos as refeições juntos. Usamos a mesma casa de banho e limpamos o cu ao mesmo papel.
Trabalho num sítio onde as pessoas não abundam. Uma redacção pequena, emagrecida pela "crise", não deixa espaço para grandes jogos de cintura. Somos aqueles, estamos lá o dia todo e, gostemos ou não, temos que nos aturar.
Crente da inevitabilidade do acto, embora descrente na ordem das coisas, dou por mim a achar, legitimamente, creio, que não há volta a dar: ou gostas de trabalhar com eles ou tens a vida feita num inferno.
Sou um dos poucos trabalhadores (sentido geral), jornalistas (sentido restrito), que no seu primeiro emprego virou funcionário de quadro. Tenho subsídio de refeição, de férias e de Natal. Depois, não vivo a angústia dos 6 meses de contrato. Um dia convidaram-me para ficar e eu disse que sim.
O estatuto pode dizer pouco, embora diga qualquer coisa. Dá-me, na essência, uma cadeira no meio da sala, de onde vejo gente a entrar e a sair. Chegam, sentam-se durante uns meses, vão embora e nunca mais voltam. Tenho só sete anos de profissão e ainda assim, ainda assim, sou o mais antigo, sem ser o mais velho.
Nunca experimentei detestar as pessoas com quem trabalho. Claro, há gente que recebe um esforçado "bom dia", mas não nego uma graçola a ninguém, nem respondo mal ao pior dos javardos. Tendo a fazer-me de ingénuo, simplesmente para não ter que passar o dia (os dias) na mais ridícula ginástica mental de que há memória.
A um amigo, com quem nos trocámos de razões, deixamos de telefonar, de aparecer. Com um colega, nada feito. Amanhã voltamos a vê-lo.
Somos hipócritas no trabalho, sim. Seremos, eventualmente, metade de nós próprios. Ainda assim, prefiro ver uma parcela de mim, a imaginar entrar à porta e suportar 12 horas de um Auschwitz de paredes brancas.
Felizmente existem aqueles "camaradas" com quem conversamos, trocamos e-mails idiotas e bebemos café. Podemos não saber nada da vida pessoal deles (a não ser o que o tempo de convívio obrigou a conhecer), mas sabemos perfeitamente que cara fazem quando não querem ser incomodados.
No fundo, vivemos com eles. Partilhamos a casa, temos um microondas comum e tomamos as refeições juntos. Usamos a mesma casa de banho e limpamos o cu ao mesmo papel.
2 comentários:
È verdade xi xenhoura.. grande post!! :)
pois, não há volta a dar-lhe, é mesmo assim. não os conhecemos a fundo, mas também não nos conhecem, pois só parte de nós é que vai trabalhar... :)
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