2 de novembro de 2009

Um post suburbano

Sou um rapaz da Margem Sul. Orgulhosamente, já tomei o pequeno almoço na Páscoa, almocei na Pérola da Cruz de Pau e fiz compras no Pingo Doce das Paivas. Também já acordei com o mau cheiro da baia do Seixal e fui assaltado no Miratejo. Andei de Rodoviária do Sul do Tejo e depois nos TST. Às vezes até apanhava um autocarro dos Belos. Atravessei o rio de Transtejo, primeiro num cacilheiro e depois de catamaran. Entretanto chegou o comboio e comecei a ir de Fertagus.

Nasci em Lisboa, mas o meu pai correu a registar-me na Arrentela. Fiz a primária na Torre da Marinha, o ciclo do Vale da Romeira e o secundário no Cavadas. Entretanto, fui estudar para Lisboa, não sem antes arranjar emprego na Amora. Cheguei a trabalhar num jornal chamado Margem Sul e ainda estive nas listas para uma eleição à Junta de Freguesia. Sou um suburbano e tenho muito orgulho nisso.

Por isso, é complicado perceber qual é o problema que os que moram do outro lado do rio têm em atravessar a ponte. "E se nos encontrássemos? Ah, claro, onde? Aqui na minha banda. Epá, isso é que não!".

Há uma espécie de fobia em relação à Margem Sul. Temos parques bonitos, cafés agradáveis, salas de cinema, teatros e auditórios (um deles recebe um dos maiores festivais de jazz do país, imaginem). Também temos muitos comunistas, é certo, mas estão todos vacinados.

O Barreiro pode não ser o principado do Mónaco, mas não consta que em Loures façam tortas como as de Azeitão. Da mesma maneira, não me parece que na Amadora - que terra, credo - haja uma serra como a da Arrábida. E em Oeiras, "serrá" que "carrregam" nos "rr's" como em Setúbal? Talvez enquanto "frritam" o choco.

A Margem Sul - independência já! - é isto, aquilo e o outro, mas no Verão e no Avante é vê-los em aprumado registo estival. Nem precisam de GPS para cá chegar.

Só não termino com um "Margem Norte jamais!", porque ainda me saem os planos furados - como ao outro - que isto nunca se sabe o que nos reserva o dia de amanhã. Mas fica esta, para memória futura: Caparica, Caparica, Caparica. Toma e embrulha.

12 comentários:

Cris disse...

Queres dedicar este post a alguém em especial? :)
Na margem sul não há o restaurante Maya da nossa eleição, pois não? Quando houver, vou aí jantar contigo...

Alda Couto disse...

É assim mesmo! Bate-lhes bate-lhes. Falam falam mas quando chega o Verão tiram-nos o sossego! Porque é que não vão para a linha e desamparam as boas prais?!

Lucy Fields disse...

LOOOOL. Q belo post. Eu sou da margem norte, e não sendo daquelas q "margem sul jamais", confesso que n me entendo no meio de almada, seixal ou corrois. Parece-me td igual e perco-me. Mas adoro as praias da caparica, as tortas de azeitão e o almada forum, e só por isto adoooro passar a ponte :D bjss

Anónimo disse...

Aposto que nunca os levaste a jantar em Almada Velha ou a beber uma sangria na Tasca da Praia. Se isso não chegar... podem sempre acabar a noite no RS!

Se nada disto resultar, trata de arranjar amigos novos ;)

andorinhaavoaavoa disse...

Isso mesmo! Margem Sul Forever! :)

Orangina disse...

Margem Sul!!!! e a sangria da tasca da praia é sem dúvida Fenomenal...:)

Sereia disse...

Pronto, o próximo chá é na margem sul!

Sputnick disse...

E depois a Margem Sul tem, Sesimbra, as praias do Meco, o Cabo Espichel, e o estuário do Sado.
Aos que se perdem e se confundem nas zonas urbanas da MS, fica sempre bem o uso do GPS.

You know who disse...

Opá! Mas Lisboa é smp Lisboa....

CF disse...

Sou de fora. Não sou da Capital nem dos Subúrbios. Mas já habitei por aí, e entendo-te. Eu própria, tinha um pesadelo cada vez que os trabalhos de grupo eram feitos na casa da colega de Almada. Hoje acho que era por comodismo... Não vale a pena chamar outra coisa, pois o nome é mesmo esse. O hábito de quem esta mais central ser sempre o privilegiado.

Cris disse...

Ou comodismo ou portagem... uma das duas será certamente...

Catarina disse...

Um comentário de apoio suburbano.
E viva Almada.