23 de setembro de 2011

Do Amor, esse filho da puta

... e das horas que ele nos dá.
Sobre esse assunto ouvirás dizer que o amor é onde tudo começa e acaba, a melhor coisa da vida e o que faz mover o mundo. Dir-te-ão que nada supera o acto de. Ouvirás tudo isto, o muito mais que te vão contar, e acreditarás.

Depois, sem saberes ao certo como é que a teoria sobre a qual te disseram se realiza na prática, chegará a hora em que julgarás amar alguém. Será cruel, será duro e dramático. Acharás que morres, que assim não pode ser, que sozinho(a) não és capaz. Beijarás e com esse beijo quererás casar, viver feliz para sempre. Afinal, estarás na idade em que o teu eterno é imediato e terminará algures entre o 8º e o 9º ano. 

Crescerás, ainda bem e ainda assim. Farás sexo com outra pessoa que não aquela. Não vai ser tão bom quanto tinhas imaginado, mas sobre isso falarás com propriedade. Eis-te chegado(a) ao clube dos que amam abaixo da cintura. 

Voltarás a amar mais uma vezes, a apaixonar-te pelo menos - porque entenderás a diferença - e de cada vez olharás para o ridículo do teu passado, do tão estúpido(a) que foste.

Cairás e levantar-te-às. Pensarás ser a última, que desta é que é, que agora nunca mais. E apesar das tuas certezas, andarás em círculos, a fazer hoje o que ontem nem pensar.

Até que um dia repousarás. Perceberás que amor é isto e não aquilo. Nem tão muito como antes, nem tão pouco como depois.

Amar-te-às primeiro e amarás só a quem te ama. Não reverterás a equação. Estarás mais esperto(a), mais atento(a), até mais desconfiado(a). Mas estará pronto(a) para perceber que o teu tempo é o presente.

Porque hoje é o dia e não há momentos certos. Que somos nós que nos temos, mas que também é bom sermos tomados por outro alguém. 

5 comentários:

Anónimo disse...

Demora o tempo necessário para seres tomado por outro alguém...mas por favor sê feliz.

Marta disse...

Não te conheço. Entrei neste blog por mero acaso. Fizeste-me chorar. Também eu procuro amar-me primeiro a mim e apenas áqueles que me possam retribuir. Será que nos conseguimos amar a nós sem receber do exterior qualquer reflexo de que somos passíveis de ser amados?

Nuno Andrade Ferreira disse...

É um bom ponto, essa questão final que colocas, Marta. Acho que preciso de pensar sobre isso.

Não sei é como interpretar as tuas lágrimas... Mas acho que é bom (?) quando o que escrevemos provoca algum tipo de reacção nas pessoas.

Abraço,

N

Marta disse...

Chorei porque o texto é deveras profundo. "Até que um dia repousarás"...a partir daqui...é onde estou a lutar por permanecer.
Continuaçãõ de bons textos. Irei seguir!

Nuno Andrade Ferreira disse...

Bem-vinda a casa, então.