26 de novembro de 2007

D. João VI


Que os portugueses gostam de efemérides, não é novidade para ninguém. Que somos, em geral, ridiculos, nada mais verdadeiro.

Pois bem, não sei já repararam mas diz que há por aí um programa de comemoração de uma data da qual deviamos era ter vergonha.

Há 200 anos o rei pegou na família, meteu-se num barco e fugiu para o Brasil. Alguém deve ter achado que o facto era motivo mais do que suficiente para uma festa e vai de assinalar o facto.

Portanto, no fundo, temos um rei maricas, que à primeira oportunidade foge para o Brasil, com medo de levar um tiro nos cornos e ainda por cima temos orgulho do sucedido e decidimos celebrar a coisa. Umas palminhas, uma caipirinha e uma picanha.

Este fim-de-semana, com o alto patrocínio da Marinha, chegámos ao ponto de fazer a reconstituição histórica da partida do mariquinhas. "Ah, vamos lá ver como foi este momento de orgulho patriótico", devem ter pensado os mentores da ideia e os espectadores do certame.

O D. João VI, feio como todos os reis, é uma anedota curiosa. Com a suspeita de que o Napoleão vinha por aí com a cavalaria, disposto a reavivar o espírito do império romano, aliou-se aos espanhois (aliás, já era casado com uma infanta de Espanha, de nome Carlota Joaquina, o que só por si diz muito). Claro, de Espanha só vem cocó e a aliança não serviu de nada. O Napoleão veio mesmo, como os próprios dos Espanhois. "Para proteger o país", disse o VI, "vou para o Brasil" (hum?).

Entretanto, já no Brasil, decide abrir os portos e liberalizar o comércio, o que foi uma desgraça para a economia da metrópole, mas óptimo para o desenvolvimento da colónia.

Não satisfeito, vai de falhar na educação dos filhos. É que o D. Pedro podia ter dado para a droga, mas não. Deu-lhe para Brasileiro.

- Olha, pai, isto agora é meu, eu sou imperador e tu pá ou te portas bem e aceitas ou eu mando-te para Portugal, onde vais passar o resto da tua vida a beber tinto da Bairrada e a comer rojões.

- Mas...

- Mas nada. Calas-te e pronto.

Curiosamente, o mesmo gajo que deu a independência ao Brasil foi o que veio a correr dar pauladas ao D. Miguel, que tinha, por sua vez, vindo salvar o país dos franceses e restante laia, mas que entretanto achava que era dono desta merda toda.

E é isto, meus amigos, que nós andamos a comemorar.

2 comentários:

Pudget disse...

Genial... faz tempo que não me ria com tanta vontade das parvoíces endémicas do meu país. Estiveste muito bem!

"Importante mensagem de Natal do Governo Português aos seus cidadãos - Fuck you!"

Nuno Andrade Ferreira disse...

Muito agradecido.