Chegou meia hora antes do combinado. Trazia um pequeno bloco, o telemóvel e uma esferográfica. Nada – do telemóvel à caneta – particularmente vistoso. Dez minutos antes da hora prevista entrámos para o estúdio, dei-lhe as coordenadas e começámos a gravar.
Foram os meus primeiros 45 minutos com alguém que diz que “Mário Machado é um preso político”, que crítica os imigrantes, mas que viveu alguns anos fora do país e que tem em Salazar, se não um ídolo, pelo menos uma referência.
José Pinto Coelho não me assusta. Nem ele, nem o Partido Nacional Renovador. Quando há quase dois anos o entrevistei, percebi quão inconsequentes são as suas palavras. Tão surreais quanto necessárias.
Não me choca que haja quem pense assim. É normal, até. Se há quem seja capaz de afirmar que o Holocausto não existiu, parece-me razoável que haja quem recorde com saudade o Estado Novo – mesmo que dele só tenha ouvido falar nos livros de história.
Prefiro assim. Não concordo com ele – com eles – mas deixa-me mais descansado o facto de ter tempo de antena e que haja quem assumidamente o oiça e siga. Prefiro assim, porque é da maneira que conseguimos saber quem são e onde andam os tipos que querem "tomar isto de assalto".
Perguntei-lhe quase tudo: Considera-se um homem racista ou xenófobo? Revê-se nas posições racistas do seu amigo Mário Machado? Tem saudades do Portugal de António de Oliveira Salazar? Se fosse Governo, expulsaria os imigrantes? E se os países que acolhem portugueses fizessem o mesmo com eles, o que é que lhes fazíamos quando voltassem em massa para o país? Confrontei-o também com a sua experiência de emigrante.
A entrevista com o José Pinto Coelho foi das mais interessantes que fiz até hoje. Estou habituado a entrevistar políticos e a desmonta-los. Com o presidente do PNR não foi preciso grande esforço. O homem é um livro aberto, que diz o que pensa, mesmo que sejam só disparates – e não são. E essa liberdade de dizer o que lhe vai na alma – a maior conquista do regime que ele afincadamente crítica – tem tanto de peculiar como de pragmático. E eu gosto de gente prática.
Foram os meus primeiros 45 minutos com alguém que diz que “Mário Machado é um preso político”, que crítica os imigrantes, mas que viveu alguns anos fora do país e que tem em Salazar, se não um ídolo, pelo menos uma referência.
José Pinto Coelho não me assusta. Nem ele, nem o Partido Nacional Renovador. Quando há quase dois anos o entrevistei, percebi quão inconsequentes são as suas palavras. Tão surreais quanto necessárias.
Não me choca que haja quem pense assim. É normal, até. Se há quem seja capaz de afirmar que o Holocausto não existiu, parece-me razoável que haja quem recorde com saudade o Estado Novo – mesmo que dele só tenha ouvido falar nos livros de história.
Prefiro assim. Não concordo com ele – com eles – mas deixa-me mais descansado o facto de ter tempo de antena e que haja quem assumidamente o oiça e siga. Prefiro assim, porque é da maneira que conseguimos saber quem são e onde andam os tipos que querem "tomar isto de assalto".
Perguntei-lhe quase tudo: Considera-se um homem racista ou xenófobo? Revê-se nas posições racistas do seu amigo Mário Machado? Tem saudades do Portugal de António de Oliveira Salazar? Se fosse Governo, expulsaria os imigrantes? E se os países que acolhem portugueses fizessem o mesmo com eles, o que é que lhes fazíamos quando voltassem em massa para o país? Confrontei-o também com a sua experiência de emigrante.
A entrevista com o José Pinto Coelho foi das mais interessantes que fiz até hoje. Estou habituado a entrevistar políticos e a desmonta-los. Com o presidente do PNR não foi preciso grande esforço. O homem é um livro aberto, que diz o que pensa, mesmo que sejam só disparates – e não são. E essa liberdade de dizer o que lhe vai na alma – a maior conquista do regime que ele afincadamente crítica – tem tanto de peculiar como de pragmático. E eu gosto de gente prática.
1 comentário:
É o que vale ser básico, transparente e muito pouco real naquilo que pretende transmitir. Mas é como tu dizes, ainda bem que existem, que se revelam.
Em alguns pontos não deixo de simpatizar, mas no todo é impossivel crer na ilusão do PNR.
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