30 de setembro de 2009

Como se não nos bastassem duas eleições num ano, ainda arranjámos uma terceira. Esta estranha combinação de actos eleitorais, originada pelo acaso, bem sabemos, condenou as autárquicas a um certo segundo plano (ou terceiro, se quisermos), para o qual o Presidente da República, com os seus silêncios perturbadores e com o seu discurso ruidoso em muito contribuiu.

Adiante.

A verdadeira revolução autárquica acontecerá daqui por quatro anos, quando, fruto da actual lei de limitação de mandatos, muitos dos actuais presidentes da Câmara (e de Junta, se quisermos ser justos) abandonarão o poiso. O mandato que se iniciará depois das eleições de 11 de Outubro será, por isso, interessante de acompanhar, com as máquinas partidárias, parece-me óbvio, a lançarem, lá para 2011, os “senhores que se seguem” nos feudos em que este país está dividido.
Nesta corrida, sigo com particular interesse algumas disputas da Área Metropolitana de Lisboa:


António Costa vs Santana Lopes

O confronto que concentra todas as atenções. Porque é Lisboa, a capital. Porque é Santana (PSD) e porque é Costa (PS). O primeiro equilibrou as contas da autarquia, no seu “meio mandato”, o segundo é um fenómeno de sobrevivência política.


Fernando Seara vs Ana Gomes

Quando, há dois mandatos, Seara (PSD) ganhou a câmara a Edite Estrela o país político – o seu próprio partido – surpreendeu-se. Ana Gomes (PS) é um “peso pesado” do PS e uma não alinhada. Oito anos depois, estará Seara em forma para resistir à combativa adversária?


Maria Emília de Sousa vs Paulo Pedroso

Maria Emília de Sousa (CDU) teve um mandato difícil. As obras do metro de superfície deixarem insatisfeitos muitos munícipes. Mas a obra acabou e o ruído silenciou. Maria Emília é uma das veteranas das autarquias. Deve ganhar. A questão é saber que valor político tem Paulo Pedroso (PS), depois da novela onde esteve envolvido.


Susana Amador vs Hernâni Carvalho

Incomoda-me sempre um jornalista que concorra a cargos políticos, mas Hernâni Carvalho (PSD) está no seu direito e quanto a isso, nada a fazer. A curiosidade aqui está em saber que credibilidade o eleitorado atribui ao senhor “Crime diz ele”. Susana Amador (PS) não terá uma tarefa fácil, o seu oponente é um notável com grande aceitação popular.


Maria Amélia Antunes vs Lucília Ferro

A histórica Socialista enfrenta a sua última batalha eleitoral autárquica. É a luta pela sobrevivência. Apesar de ter maioria absoluta, a margem é agora mais curta. O PSD de Lucília Ferro tem feito uma campanha determinada, em contraponto com a aparente excessiva confiança da obra feita de Maria Amélia Antunes (PS).


No Seixal, um dos últimos redutos – “avante camarada, avante” – comunistas, Alfredo Monteiro deve vencer sem grandes alaridos. As concelhias já sabem que 2013 é o ano para jogar forte e por isso limitam-se, nestas eleições, à gestão corrente de candidatos.

Em Oeiras, o interesse está em perceber como é que o eleitorado reage à condenação, em Primeira Instância de Isaltino Morais. O que falará mais alto, afinal? A obra ou os valores?

1 comentário:

Sereia disse...

Pois..vamos lá ver...