27 de dezembro de 2007

Aos leitores

A quadra natalícia leva-me para outras paragens, bem mais interessantes do que esta. Estive por ali e vou para além, já a seguir. É só tocar a corneta, baixar a guarida e seguir confiante.

Volto em Janeiro.

Espero que tenha acontecido Natal, para lá do tinto e das calorias. Em 2008, que será recebido com um branco fresquinho, há a firme vontade de, aqui e lá, conquistar o mundo, começando pelo meu quarteirão.

Não se deixem levar pelas intrigas palacianas deste país descabido. Se isto é um programa de humor, não nos deixemos ser a anedota do humorista! Há que reivindicar mais e exigir melhor. Agarrar o volante com garra e só virar a direcção se não der mesmo para seguir em frente.

Ide. Ide e conquistai.

20 de dezembro de 2007

Elf

Cheio de espírito da epóca, aqui fica uma prova do meu amor por todos os leitores. Tomei a liberdade de convidar dois amigos de longa data, que não quiseram deixar de aproveitar a oportunidade de dar a conhecer ao mundo o seu lado mais humano.

Cliquem aqui. Pode demorar a carregar mas vale bem a pena.

19 de dezembro de 2007

Solitário (o jogo)


Nunca tive muito, ou nenhum, jeito para jogos de video. Não consigo articular os comandos e dificilmente obtenho sucesso. Creio que o único jogo em que era realmente bom, recordo-o dos tempos de adolescente, era o Karts, uma coisa muito mediocre, que transportava numa disquete, tamanha era a qualidade.

Assim, talvez se perceba que faça do Solitário "o meu melhor amigo". Jogo várias partidas por dia, quer seja no computador (em qualquer um), ou no PDA. Que me desculpem os génios criativos que inventam pérolas do entretenimento jogado... a mim não me motivam.

Quem me lê?

18 de dezembro de 2007

Salário mínino


Agora é que vai ser. Finalmente o país vai avançar! O salário mínimo sobe, em 2008, 23 euros e eu não consigo esconder a alegria...

Os patrões detestam a ideia e obrigaram o Governo (obrigaram, sim, porque eles mandam nesta merda a que alguns insistem em continuar a chamar de país) a aprovar uma série rídicula de medidas que visam proteger, ainda mais, o grande capital.

Eu compreendo. Afinal, os vis trabalhadores vão enriquecer e não fica bem um empregado levar uma vida mais afortunada do que aquele que lhe concede o direito de trabalhar. Há que liberalizar o mercado laboral. Para quê? Para despedir. Um patrão que quer um mercado de trabalho liberal que outra intenção pode ter?

Para o ramalhete ficar composto só falta mesmo observar a figura que o Primeiro fez. Lá se percebe que alguém possa sentir satisfação ao anunciar publicamente que há portugueses que, em 2008, vão ter que se governar com 426 euros?

Tenho para mim que as únicas pessoas que têm alguma felicidade em viver num país onde o salário mínimo chegará, em 2011, aos 500 euros são aqueles que, definitivamente, não vivem desse mínimo demoninador comum.

O que dá vontade é de pegar nos 23 euros de aumento e esfregar o cu com eles, mesmo antes de os enfiar pela goela dos Van Zeller que andam por aí a pairar... e são tantos e tão tentadores. Depois era vê-los a vomitar toda a podridão que encerram naqueles corpos putrefactos, vestidos de Armani por medida.

Portugal não precisa de um Salazar. Precisa é de um Estaline, para pegar fogo a esta cambada de bandidos que nos anda a governar.

A minha avó fez um bom serviço

Na minha família a minha avó funciona como um elo de ligação. É a matriarca, sem contestação.

Quando mudou de casa cuidou de não levar mais do que o necessário. Deixou cá o que passou uma vida (esta) a ensinar. E pelos vistos fomos todos bons alunos. A família, na forma e no conteúdo, persiste como ela nos explicou que as famílias devem ser: presentes e abrangentes, mas nunca demasiado absorventes, que se possam tornar monopolizadoras.

A minha avó...

A Ermelinda (sem Maria) é a velha mais patusca que conheci (e este é um lugar comum, que cabe aqui na perfeição). Apesar de nunca ter estudado grande coisa, passou metade da vida a aprender e a outra metada a explicar ao mundo como se vive com dignidade.

De um cuidado extremo com a sua escrita, muito meticulosa na linguagem, é dona de uma personalidade vincada, mas muito tolerante. Sabe gerir crises como ninguém e é extraordinária no jogo da antecipação: prevê um problema antes dele existir e habitualmente resolve-o antes de se tornar público.

Muro das lamentações de metade da família, nunca se recusa a ouvir quem precisa de desabafar. Se lhe telefonam e antevê uma conversa mais demorada, um gesto é quanto basta para que alguém lhe traga uma cadeira.

Minda, chamam-na assim, ganha o dia se, inesperadamente, der por ter a mesa cheia de gente. Há sempre comida a contar com mais alguém, mesmo que não se saiba quem e se.

A cama dela é a mais acolhedora, os mimos os mais doces, as mãos as mais suaves.

A minha avó já morreu, mas escrevo este texto no presente porque a memória das coisas boas persiste para lá da inevitabilidade.

Sabem de que filme é esta imagem?

Nunca o vi. Tenho alguma vergonha no facto. Serei o único imaculado?

17 de dezembro de 2007

Ajuste

E para mim, um bom Natal.

Em 2007 não ajudei ninguém a viver e talvez por isso o ano não tenha valido a pena.

Tive projectos que não cumpri. Ideias que não concretizei. Fiz promessas que não realizei. Ou talvez tenham sido primeiro as ideias, e só depois as promessas. Ou talvez não me devesse ter comprometido, de todo. Ou talvez o tivesse feito um pouco mais. Ou talvez, talvez, talvez…

Passei [-me] ao lado, uma, duas, três vezes. Esta cadeira onde me sento está um pouco mais gasta. Não estaria (por mim) se não estivesse aqui. Mas estou. Continuo aqui e a verdade é que no sítio onde trabalhamos, as cadeiras são o nosso melhor reflexo. Quanto mais as gastarmos, mais tempo tivemos para as gastar.

Como consequência do processo, do qual sou causa, afirmo-me mais positivamente? Não. Confio-me mais? Tão pouco.

Tenho, um ano depois, menos vida pela frente e mais à retaguarda. Fatidicamente, implacável, o tempo, só ele, para nos dar cabo da ingenuidade, das utopias e das crenças parvas e infantis, mas que nos fazem, ou faziam, como se diz? Sonhar.

Continuo a ser hipócrita 10 horas por dia. Convivo com gente que não [me] interessa, pessoas que a minha mãe não recomendaria.

Ainda assim, tudo isso e cito: os projectos incumpridos, as ideias “inconcretizadas”, as promessas por realizar, ainda a cadeira gasta e o vermelhos sujo pelo tempo, a desconfiança de mim e o impróprio convívio, Pai, Filho e Espírito Santo, seriam causa menor se eu tivesse ajudado à vida.

A ordem das coisas e das causas, de ínfimos e finitos objectos de relutantes crenças menores, elas, rapidamente seriam partículas dispersas, se sentisse, volvidos 12 meses de intermitente, embora constante, lassidão, ser no imediato a viril engrenagem do complexo processo de alguém.

Escolhi as palavras, com o primor que imponho à escolha destas, e essas ainda foram escritas antes de ditas, num imensurável jogo de perversão linguística, onde sou tirano, agente e peão.

Merda. Como posso cuidar de salvar alguém, se antes não cuidei de me salvar a mim?

Natal por aqui

A árvore de Natal desta redacção é a mais feia de todo o mundo. Tem cerca de um metro, está isenta de ramos e as decorações ficaram longe da perfeição: três fitas, 140 lâmpadas e papel higiénico.

13 de dezembro de 2007

Das doenças e dos médicos que existem em nós


Porque é que quando estamos doentes, ou com uma pequena maleita, toda a gente tem uma explicação?

Ao que parece, nascemos todos com uma licenciatura em medicina e uma especialidade em "tudo".

Se cometemos o erro de desabafar com alguém que temos isto ou aquilo, há logo um diagnóstico garantido. Dizem o que se passa, porque se passa e como se cura. Se, por acaso, já fomos ao médico e trazemos o receituário e a explicação da 'causa-consequência', então o tal médico está errado, porque "eu é que sei. "Tens é que tomar isto! Precisas de fazer aquilo!". E dizem-nos com uma soberba, como se devêssemos confiar mais neles do que no gajo que estudou 10 anos para aquilo.

Como já referi aqui, num post anterior, estou pela hora da morte, o que significa que tenho indicações médicas a cumprir. Ora, toda a minha gente acha que o que médico está errado e que eu devo fazer o que eles, jornalistas, técnicos, sonoplastas, locutores, acham.

Se eu tenho um determinado regime alimentar, recomendado por uma nutricionista, porque carga de água é que vou muda-lo só porque estes Dr. House de meia tigela acham que encerram em si toda a sapiência do mundo?

12 de dezembro de 2007

SPAM ou alguém muito bem informado

Alguém desligou o filtro de spam do servidor de e-mail da empresa e o resultado é que de há uma semana para cá vejo a minha caixa postal "oficial" cheia de mensagens inoportunas. As missivas do Cesar H. Dawson prometem-me "the best treatment at low price".

E para termos a certeza do que se trata: "* erectyle and other s'e_xual dysfunctions* excessive weight* depressi and anxiety* insomnia* allergic response".

Olha Dawson, não sei qual é a tua intenção, meu menino, mas ficas desde já a saber que aqui não pões a mão.

11 de dezembro de 2007

O que é que vais fazer hoje? Ah, vou morrer na estrada!

De 25 de Novembro até hoje já morreram 25 gajos nas estradas. Ou seja, ao volante, os portugueses continuam a morrer que nem uns desvairados.

Enquanto condutor acho que a atitude mais correcta a assumir quando se tem um carro nas mãos é adequar a nossa condução ao tipo de estrada e a uma série de outras condições, psiquicas, físicas e atmosféricas. Em si, isto não é nenhuma novidade, até porque qualquer encartado, por pior que seja, terá levado uma esfrega de retórica à data das aulas de código.

Convencem-me pouco, ou nada, os argumentos de desresponsabilização do condutor. Facilmente culpabilizam-se as estradas, a sinalização ou "os outros".

Certo que a sinalização é deficiente e as vias (A8, meu Deus, o que é isso?) uma desgraça em calças, mas "os outros" somos nós próprios. Afinal, o BMW série 7 que acabou de passar pelo nosso Fiat é apenas um reflexo da atitude tantas vezes negligente que protagonizamos... embora com mais 200 cavalos.

Nunca fui multado por excesso de velocidade, raramente passo os 120 na auto-estrada (até porque o meu Aygo, enfim) e nunca protagonizei ou proporcionei um sinistro.

Creio que, no particular, funciona muito bem o facto de ser um jornalista mal pago: Se for multado não tenho dinheiro para a multa.

Iluminação pública (e ao que chegámos)


Estive fora no último fim-de-semana, pelo que não me apercebi do momento em que todo um quarteirão ficou sem iluminação pública. Ora, numa zona sem comércio e sem grande vida, não custa adivinhar a escuridão que encontrei quando cheguei a casa.

Questionei duas ou três pessoas que me garantiram que a situação se verificava desde Sábado. Seria, portanto, a terceira noite sem luz. Estava dado o mote para os larápios mais astutos.

Peguei no telefone e liguei para a EDP, em tom cordial-ameaçador (ou seja, simpático, mas determinado, do qual resulta uma ironia que colhe os seus frutos). A operadora garantiu-me que ninguém tinha dado, até então, conta da avaria o que acredito ser verdade, porque quinze minutos depois do telefonema chegou uma carrinha da EDP, que em cinco resolveu o problema.

Na zona afectada moram, contas por alto, quinhentas pessoas. Meio milhar de almas que ficou sentado no sofá, provavelmente a refilar, mas que foi incapaz de pegar na porra do telefone e informar os serviços técnicos da EDP.

Este texto não tem uma conclusão, nem uma moral. A passividade fala por si.

10 de dezembro de 2007

Da (minha) posse

Cuido de programar o despertador para tocar dez minutos antes da hora habitual. Sei perfeitamente que não vou acordar ao primeiro apelo, mas se começar a tentar um pouco mais cedo, pode ser que, contas feitas, não me atrase tanto.As segundas não custam mais. O mais é saber que a elas se juntam as terças, as quartas e adiante, impiedosamente. O que custa é a fatalidade de despertar para o dia e pensar que falta tanto para voltar a quebrar a rotina. E quando o tanto se faz pouco, o logo ali parece quedar ainda distante.

Idiota e incoerente justificação para levar a vida de carreirinho. És tu por dois dias a cada cinco. No entretanto, estás refém de alguém que te devora, estrangula, usa, abusa e cospe o que sobra, sem pedir “com licença”. Chega para lá.

Que nada. Porque eu sou eu e eu sou meu.

Roubem-me o corpo. Violem-me. Abusem de mim. Rebentem com as minhas entranhas, se assim está destinado a ser. Façam desta carne um pedaço de nada. Agora, a minha alma, onde sou verdadeiro, essa, jamais será vossa, porque a tenho em propriedade.

Sujos. São porcos, imundos e nojentos. Ainda assim, anedotas que são, não me impressionam. As vossas circunstâncias não me surpreendem. A vossa vulgaridade não me ilude. Aplausos, venham eles, para a vossa ignorância, disfarçada em lugares comuns. Usam e maltratam a língua para impor regras de conduta. Se ao menos cuidassem de desembaciar o espelho lá de casa.

Não imploro aos céus castigo divino para tanta incoerência. Ela é, em vós próprios, a expressão maior da parvoíce com que foram castigados. Serão estúpidos a vida toda, porque não sabem ser de outra maneira. Tentem e desistirão no imediato. Coitados.

7 de dezembro de 2007

Sócrates e a coragem política


O Primeiro-Ministro riscou da agenda de hoje a recepção pessoal que habitualmente faz aos representantes dos Estados que participam em actos oficiais.

Especula-se que o fez, não pela demorada cerimónia que resultaria do acto, mas antes por não querer ser fotografado ao lado de alguns dos maiores ditadores da actualidade, dos quais Mugabe é apenas um representante menor.

Se foi essa a razão, como acredito que tenha sido, censuro a atitude do PM. A coragem política só é plena se for levada até ao fim. Convidou-os, eles vieram, cumprimenta-os e depois safa-se.

Ah, Zé, Zé...

6 de dezembro de 2007

O meu blog e eu

Para quem não "bloga" será dificil perceber como o nosso blog pode ser importante. Sim, bem sei, não é necessariamente a "coisa mais importante da vida"... e ainda bem, agora, não dá para negar a ajuda que dá, não raras vezes, ter um espaço onde podemos despejar as inquietações que nos pairam na mente.

Neste espaço, e já me referi a isto mais do que uma vez, não me alongo sobre a minha vida pessoal, mas o acto de comentar, opinar, aplaudir e discordar sobre o que me incomoda ou agrada não tem preço.

É a democracia, a minha, a funcionar.

3 de dezembro de 2007

O que é que nos andamos a fazer?

Sem darmos conta estamos a virar hipotecas de nós próprios. Abdicámos da nossa originalidade, em troco de uma existência amplamente sacrificada. Deixámo-nos ao abandono e somos resgatados pelo primeiro bandido que passa.

A geração condenada a ser o futuro da "Nação valente e imortal" é feita, afinal, por uma cambada de sujeitos passivos, de rego pronto a cada cinco tostões.

Indignamo-nos, mas cumprimos. Contestamos, mas aceitamos.

Somos vassalos e escravos e escumalha e lixo. Alguém, parece que a geração que veio antes, usa-nos a seu belo prazer e nós deixamos. Tenho vergonha de mim e de nós, por deixarmos.

Em que momento da história a circunstância deu cabo da nossa rebeldia? Desde quando é que nos comportamos como velhos e aceitamos tudo? Foda-se! Não eramos nós que invadiamos reitorias? Ou são esses quem agora dá cabo do país e lixa-nos a vontade de aspirar a uma digna emancipação?

Existimos a crédito. Com um juro altíssimo.

Pim.

Conta-me Como Foi


Ao Domingo à noite não dispenso o Conta-me Como Foi, a série da RTP que retrata um Portugal que não conheço, a não ser dos livros e dos testemunhos que, ocasionalmente, fui ouvindo.

Não sei, porque não estive lá, se o que aparece no ecrã é um retrato fiel da vida naquele tempo, mas reconheço, isso sim, personagens e histórias que reconheço do "já ouvi falar disto".

O Conta-me Como Foi é a prova de que, em Portugal há quem tenha talento para escrever e representar ficção de qualidade (e que elenco fabuloso - são todos bons actores? São mesmo). Curiosamente o Conta-me não atinge o share de um qualquer blockbuster da TVI, o que diz muito sobre o quão tacanhos continuamos a ser, linhas gerais. Há quem não tenha mudado muito, desde então.

Diria que está ali um documento histórico que vale mais do que o equivalente em aulas de história.

Três vivas à boa ficção portuguesa... e Maria Isabel, largo o beatle, filha. Vens de Inglaterra de barriga cheia e eu quero ver. Vai ser o teu pai, com o ordenado do Ministério das Finanças e os trocos da tipografia do Eng. Ramirez a alimentar mais uma boca? É isso?

28 de novembro de 2007

Free Tickets

Eu só gostava de saber se tenho cara de Ticket-Line? Tenho? Não me parece.

Assim, porque raio é que quando toda a gente quer ir ver o que quer que seja, sem pagar, entenda-se, lembra-se que o Matvey, o rapaz da rádio, arranja bilhetes à borla.

No espaço de uma semana foram requisições para: Scorpions, Jesus Cristo Superstar, Xutos e Pontapés e Jardim Zoológico. Destes, sabem quantos levaram resposta positiva? Nenhum. É que, sabem, eu tenho um mau feitio que até me custa aturar-me.

Não consigo ficar bem impressionado com uma pessoa de quem não sabemos nada há vários meses e cuja 'abordagem da reconciliação' é feita, rigorosamente, nestes termos: "Arranjas bilhetes para...?". Cheira a oportunismo, não é?

A partir de agora, o 'rapaz da rádio' arranja ingressos, sim, mas primeiro venha daí 'essa' de 50 euros, que tenho uma família para sustentar e um cão que se caga no corredor.

27 de novembro de 2007

A campanha da Tagus


Uma campanha da cerveja Tagus resultou ontem em polémica, depois das associações de defesa dos interesses homossexuais terem vindo a público criticar o que consideraram ser uma acção com "cunho sexista".

Resumidamente, a Tagus colocou na rua, por intermédio da Porter Novelli, a agência que detém a conta da marca de cerveja, uma campanha publicitária sob o lema "Orgulho Heterossexual". Vários cartazes apresentavam um slogan que apelava ao sentido hetero dos consumidores de cerveja.

Uma das vozes mais críticas da fórmula encontrada pelos criativos foi a dos activistas dos Panteras Rosa. No seu blog teceram vários comentários aos cartazes e ao site, entretanto criado e já modificado.

A campanha da Tagus não prima pelo aprumo e um pouco mais de imaginação e esforço teria evitado a vulgaridade do tema. Como se beber cerveja fosse motivo de rivalidade entre "adeptos" de uma ou de outra orientação sexual. Contudo, registo os argumentos de defesa usados pela associação que aqui citei: "Mas sobretudo porque não é a orientação sexual que é motivo de orgulho. "

No fundo, os Panteras criticam a terminologia usada na acção, sem cuidar de olhar para si próprios. Pergunto, se usar a expressão "orgulho heterossexual" é ofensivo e ostensivo, como é que devemos definir as marchas de "orgulho gay?", onde a pândega sai à rua com plumas e lantejoulas?

A homossexualidade não me incomoda, o que me mina a paciência é a falta de espírito aberto de quem às segundas, quartas e sextas veste de rosa e às terças e quintas detesta quem se atreve a questionar o status quo.

Por outro lado, voltando às marchas, nunca percebi bem onde é que se pretende chegar com um desfile de gente vestida de forma pirosa. Eu aceito alguém que tem uma opção sexual diferente da minha, mas não me obriguem a tolerar um gajo que se veste como se fosse um pavão. As pessoas não andam assim na rua, não se abanam, como se tivesse ovos no meio da peida, e não dão pulinhos como se fossem grilos (os grilos pulam?).

Quem se sente igual, não se deixa ofender por uma piada de mau gosto. Quem se sente igual, comporta-se como os seus pares. Reagir com gritaria a uma má campanha publicitária é relevar a diferença que de facto existe e um certo complexo por se ser como se é.

À Tagus faltou decência. Aos Panteras faltou a tolerância que tanto advogam.

26 de novembro de 2007

D. João VI


Que os portugueses gostam de efemérides, não é novidade para ninguém. Que somos, em geral, ridiculos, nada mais verdadeiro.

Pois bem, não sei já repararam mas diz que há por aí um programa de comemoração de uma data da qual deviamos era ter vergonha.

Há 200 anos o rei pegou na família, meteu-se num barco e fugiu para o Brasil. Alguém deve ter achado que o facto era motivo mais do que suficiente para uma festa e vai de assinalar o facto.

Portanto, no fundo, temos um rei maricas, que à primeira oportunidade foge para o Brasil, com medo de levar um tiro nos cornos e ainda por cima temos orgulho do sucedido e decidimos celebrar a coisa. Umas palminhas, uma caipirinha e uma picanha.

Este fim-de-semana, com o alto patrocínio da Marinha, chegámos ao ponto de fazer a reconstituição histórica da partida do mariquinhas. "Ah, vamos lá ver como foi este momento de orgulho patriótico", devem ter pensado os mentores da ideia e os espectadores do certame.

O D. João VI, feio como todos os reis, é uma anedota curiosa. Com a suspeita de que o Napoleão vinha por aí com a cavalaria, disposto a reavivar o espírito do império romano, aliou-se aos espanhois (aliás, já era casado com uma infanta de Espanha, de nome Carlota Joaquina, o que só por si diz muito). Claro, de Espanha só vem cocó e a aliança não serviu de nada. O Napoleão veio mesmo, como os próprios dos Espanhois. "Para proteger o país", disse o VI, "vou para o Brasil" (hum?).

Entretanto, já no Brasil, decide abrir os portos e liberalizar o comércio, o que foi uma desgraça para a economia da metrópole, mas óptimo para o desenvolvimento da colónia.

Não satisfeito, vai de falhar na educação dos filhos. É que o D. Pedro podia ter dado para a droga, mas não. Deu-lhe para Brasileiro.

- Olha, pai, isto agora é meu, eu sou imperador e tu pá ou te portas bem e aceitas ou eu mando-te para Portugal, onde vais passar o resto da tua vida a beber tinto da Bairrada e a comer rojões.

- Mas...

- Mas nada. Calas-te e pronto.

Curiosamente, o mesmo gajo que deu a independência ao Brasil foi o que veio a correr dar pauladas ao D. Miguel, que tinha, por sua vez, vindo salvar o país dos franceses e restante laia, mas que entretanto achava que era dono desta merda toda.

E é isto, meus amigos, que nós andamos a comemorar.

22 de novembro de 2007

Uma novidade fabulosa.

A Auto Motriz e a Credibom, stand automóvel e empresa de crédito, lançaram uma campanha extraordinária(mente parva): A quem comprar uma viatura no stand, recorrendo ao crédito, é oferecida uma vacina contra o cancro do colo do útero!

Gostava de saber quem foi o génio que imaginou e criou esta campanha de marketing que deita por terra anos de teoria publiciária.

Imagine-se a conversa do cliente, na hora de escolher o carro:

- Então, e que extras é que o carro tem?

- Ah, uma maravilha! Este carro vem extremamente bem equipado. Jantes de liga leve, ar condicionado, rádio com leitor de CD e MP3, GPS incorporado no painel e vacina contra o cancro do colo do útero.

- E estofos em pele?

- Isso não. Mas, pronto, vem com a vacina, numa caixinha de cartão, em três doses S E P A R A D A S. Uma categoria. Uma vacina que cai bem, que dá um jeito tremendo. Olhe, isto não se fala de outra coisa.

- Mas eu sou homem!

- Então e depois? Oferece à sobrinha. Que idade é que tem a pirralha? Certamente que... upa, upa. Esta miudagem agora é toda precoce. Safadinhas, o que elas são. Malandras...

Mas a Credibom acha que quê? "Ah, que fofinhos que eles são. Tão docinhos, preocupados". É isto que a Credibom acha que as pessoas vão pensar de uma empresa que tem taxas de juro de 30%? Para mais porque está na cara que a preocupação é que as clientes não morram a meio da liquidação do empréstimo.

Portanto, corremos o risco de estar perto o dia em que isto vai acontecer:

- Eu gosto deste carro, mas é comercial e depois se a família cresce é uma chatice, porque fico sem lugar para os putos.

- Mas não tem problema absolutamente nenhum porque, curiosamente, este carro vem com uma vasectomia de oferta.

Por outro lado, a Marcha sabe que a Smart vai lançar uma linha destina aos obesesos, o chamado Smart For Two with Banda Gástrica.

É que, pior do que juntar carros, créditos e vacinas é publicitar a coisa. Eu se fosse dono de um stand, para já não oferecia vacinas, optava por caixas de lenços (que é uma coisa que dá muito jeito, na praia, por exemplo, para limpar as mãos, depois de comer frango assado), mas "se...", então escondia a vacina... "Parabéns, está aqui a chave do seu carro novo. No porta-luvas vai o manual de instruções, a guia provisória e está lá também a chave extra e ainda o seguro e também um jogo de luzes e, e uma vacina contra o cancro do colo do útero."

UPDATE: O Infarmed proibiu a campanha.

Surpreendente

Um vizinho meu, formado em parvoice, achou que apanhar aves protegidas e fecha-las em gaiolas era uma óptima ideia. Sim, porque à boa maneira de ser português (e idiota), o cujo entende-se dono do mundo e zona periférica.

Vivo numa zona rodeada por pinhal, o que facilitou a "caçada". Por comentários que fui ouvindo, aqui e ali, tomei conhecimento da selvajaria. Depois, bem, depois foi só apelar àquele lado mais contestatário que ainda conservo e que, em diversas ocasiões, tenho espelhado neste blog.

A GNR tem um departamento designado por "Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente". O SEPNA cuida de averiguar e agir em conformidade, mediante as denúncias efectuadas pelos cidadãos, nas situações que constituam uma violação das regras de protecção ambiental (animal idem).

Escrevi um e-mail, pouco esperançado numa resposta. Acontece que a resposta chegou e acompanhada duma resolução do problema. A GNR veio à vizinhança, munida de um mandado, e apreendeu de imediato as várias aves em causa. Foi ainda levantado um processo de contra-ordenação, do qual deve resultar a aplicação da respectiva coima.

Resolvida a situação, recebi hoje em casa um carta do Comando-Geral, informando da realização da diligência.

Se não fossemos tão passivos, se exercecemos a nossa cidadania de forma plena, provavelmente viveriamos num país mais justo e melhor. É demagógico, mas verdadeiro.

21 de novembro de 2007

Convidei o José Milhazes para uma grande entrevista...

... e ele disse que sim. Agrada-me particularmente a possibilidade de entrevistar o José Milhazes, num exercício que acredito será mais de conversa informal do que de lógica "pergunta-resposta" simples.

Já entrevistei meio mundo. Desde políticos, portugueses e internacionais, músicos, eruditos ou pimbas, escritores, eventuais e efectivos. Gente de revista e anónimos absolutos.

O Milhazes faz parte de um geração de jornalistas portugueses com a qual as redacções têm muito a aprender e junto da qual os conselhos de administração deviam passar algumas semanas, para perceberem o que é o jornalismo.

Se juntarmos à evidência o facto de José Milhazes viver em Moscovo, então está dado o mote mais do que necessário para ser extremamente apelativa a possibilidade de trocar ideias e aprender certamente muito.

Vamos gravar em Dezembro.

20 de novembro de 2007

Só quero que se saiba isto:

Se eu não fosse o idiota que, no fundo, sou, a esta hora estava em casa a comer Nestum ao invés de continuar aqui enfiado.

Disse.

18 de novembro de 2007

Um anedota de nós mesmos


Não me espantam as notícias recentes sobre novos casos de pedofilia. Espanta-me que não sejam ainda mais surpreendentes no seu conteúdo e nos seus protagonistas.

Incomoda-me apenas que a gratuitidade e o voluntarismo de algumas acusações implique que se crie (ou se proporcione) um clima de suspeição nacional. No fundo, parece que todos somos potenciais pedófilos, ou pedófilos em potencial.

A universalidade deste tipo de acusações resulta directamente da lógica de impunidade que impera na sociedade e nos meandros da justiça. O processo Casa Pia, em julgamento há não sei quantos anos, sem fim à vista, é o melhor exemplo. Carlos Cruz o paradigma perfeito.

Quando foi detido, "não, não pode ser". Quando ficou preso preventivamente, "ah, o sacana". Agora, anos volvidos, "coitado, anda para ali". Não há culpados julgados e por isso somos todos suspeitos.

Num Estado onde a justiça é morosa e principalmente dúbia, todos podemos ser apanhados nas malhas da imprevisibilidade e isso é sinal de uma democracia quinada.

O desconhecimento dos verdadeiros "malfeitores", desta capital do deboche e do nojo, faz-nos julgar popularmente suspeitos e supostos pela fronha ou expressão do momento. "Este cabrão é pedófilo, olha-me lá para a cara dele! Tem cara de pedófilo, o filho da puta!".

Estamos a perder a racionalidade e a clareza de ideias e enquanto isso há miúdos que continuam a ser levados em carrinhas para "Casas de Elvas", estando Elvas em qualquer lado.

Das manchetes de hoje o que sobrará? Um rato parido pela montanha, provavelmente.

Da pedofilia ao futebol e dele até à corrupção.

Os dois árbitros apanhados, literalmente, como a "mão na massa" são o exemplo acabado de como se chega ao povinho. Sexta-feira foram 500 euros, na semana passada talvez alguém se tivesse lembrado de oferecer um presunto.

Ver futebol em directo na televisão e depois acompanhar em diferido a detenção de dois juízes do apito, militantes dum anedótico e menor campeonato distrital! Fossem os 500 euros, os presuntos e as entremeadas a expressão da verdadeira corrupção em Portugal e estávamos nós muito bem.

Vivemos num país que não confere a si mesmo a dignidade de ser Estado. Somos uma ironia. Anedóticos.


Créditos da imagem: http://www.audienciazero.org/eixo/content/view/325/26/

15 de novembro de 2007

Oh que maravilha...

Um artigo que escrevi em inglês, dias antes da recente cimeira UE-Rússia, foi citado e recomendado em Polaco:

"Priwiety iz Rossii!
Pojawił się ciekawy artykuł na temat stosunków europejsko-rosyjskich w
Newropeans-Magazine. Proponujemy lekturę artykułu wstępnego autorstwa Nuno Andrade Ferreira na temat szans zmarnowanych w czasie portugalskiego przewodnictwa w UE w obliczu zbliżającego się szczytu Rosja-UE, który pewnie nie przyniesie żadnych owoców. Poza tym parę artykułów o prezydencie Putinie i jego pozycji w Rosji:"



Em bom rigor, não percebo nada de Polaco e por isso recorri a um site manhoso, para tentar traduzir.

"(...) Um curioso artigo foi publicado sobre as relações União Europeia-Rússia. Sugerimos a leitura do texto de (aqui era o meu nome completo), a propósito das oportunidades perdidas pela presidência portuguesa (...)"


Portanto, já ganhei o dia. É que isto quando se é pequenino, qualquer mimo sabe bem.



13 de novembro de 2007

Chavez, Juan Carlos, a democracia e nós próprios


Se Hugo Chavez dissesse de Durão Barroso o que disse de Aznar, Cavaco diria a Chavez o mesmo que disse Juan Carlos? Sinceramente, não tenho a certeza.

Recordo-me da forma como Cavaco defendia Portugal em Bruxelas, no seu tempo de Primeiro. Eramos, recordem-se, o "bom aluno". Lá nisso a Polónia soube fazer a coisa. Na União há 3 anos e já levanta a crista, como se fosse fundadora da ideia de Europa comunitária.

Gosto de políticos que "os" tenham no sítio. Gostei de ver o rei a defender o seu ex-governante (por ele nomeado, de resto). Discorde-se de tudo, preserve-se a dignidade.

Juan Carlos disse a Chavez aquilo que o mundo queria ouvir. Louco, tão louco como Bush, que tanto gosta de criticar, Chavez apoderou-se de mais do que do Poder. Fez-se dono de um Estado, que usa como palco no seu Late Night Show. Chavez é rídiculo, como são todos os ditadores. O problema dele (e dos outros, também) é que usa o povo como personagem da telenovela que realiza sem guião.

A soberba de achar que um país, a sua história, as suas gentes, cabem em 100kg de carne humana é tão redutora, quanto inquietante. Achamos piada às suas loucuras, rimo-nos do aspecto de cartoon. Ignoramos, por entre graçolas, que aquele homem é um ditador como Fidel, como Mugabe. São iguais, não pelos que matam, mas pelos que calam. A morte apaga o corpo, a censura enclausura o pensamento e não há nada mais perturbador do que uma vida pela metade.

Ditadores da categoria "palerma", como Chavez, não são um perigo para o Mundo. São perigosos para quem depende da arbitrariedade dos actos de sujeitos que se acham donos da suprema razão.

Contudo, o Mundo precisa de tiranos. Precisamos de gente mesquinha, capaz de se perpetuar no poder, pelo sinples gosto de ocupar o trono. Gente que cai no rídiculo. Precisamos de Chavez, de Fidel, de Mugabe, e de Mahmoud Ahmadinejad, também da China e do Alberto João. São eles que nos fazem valorizar viver num sítio onde podemos mandar as convenções às urtigas e virar o cu ao Governo. Sem eles seriamos ainda mais passivos e a lógica democrática estaria condenada a desaguar em qualquer coisa pior.


12 de novembro de 2007

E agora...


A Canon EOS 400 D já cá canta, meus amigos. São 10,5 Megapixéis, duas objectivas (18-55 e 55-200) e grip de alimentação. A paciência é uma virtude, definitivamente. Depois de tantos meses atento ao mercado, a promoção da gama EOS da Canon não poderia ter vindo em melhor altura. Para mais, assinalando os 20 anos da etiqueta, alguém no Reino Unido vai transferir para a minha conta €70, só porque comprei esta menina.

Compreendem, por certo, que devolva a Powershot à progenitora.

8 de novembro de 2007

Alguém reparou na principal notícia que vinha ontem no DN? Não? Eu mostro...


"A clássica série protagonizada por David Hasselhoff (que fazia de Michael Knight), intitulada em Portugal de O Justiceiro, vai ter uma nova versão, com um novo piloto e com um carro dotado de novas potencialidades, segundo anunciou o site Hollywood Reporter.

Justin Bruening foi o actor escolhido para protagonizar o novo Michael Knight e para pilotar Kit, o carro ultraveloz que tudo fazia, tudo conseguia. Até falava...

Na nova versão, Justin Bruening [o fuinha da foto], que entre outros trabalhos integrou o elenco da novela da ABC All My Children, faz de filho do herói da série original.

Quanto ao carro, deverá sofrer algumas transformações para a nova série, devendo passar a ter a capacidade de mudar de forma, ao estilo de Transformers."

6 de novembro de 2007

Roberta Sá

Não há volta a dar, não. Hoje vou estar com ela e vou pedi-la em casamento.


Para os mais incultos, a Roberta Sá é uma das novas vozes da MPB, que lançou agora o seu segundo disco, "Que belo estranho dia pra se ter alegria".

3 de novembro de 2007

Colegas


Este post é inspirado em algo que li por aí.

Trabalho num sítio onde as pessoas não abundam. Uma redacção pequena, emagrecida pela "crise", não deixa espaço para grandes jogos de cintura. Somos aqueles, estamos lá o dia todo e, gostemos ou não, temos que nos aturar.

Crente da inevitabilidade do acto, embora descrente na ordem das coisas, dou por mim a achar, legitimamente, creio, que não há volta a dar: ou gostas de trabalhar com eles ou tens a vida feita num inferno.

Sou um dos poucos trabalhadores (sentido geral), jornalistas (sentido restrito), que no seu primeiro emprego virou funcionário de quadro. Tenho subsídio de refeição, de férias e de Natal. Depois, não vivo a angústia dos 6 meses de contrato. Um dia convidaram-me para ficar e eu disse que sim.

O estatuto pode dizer pouco, embora diga qualquer coisa. Dá-me, na essência, uma cadeira no meio da sala, de onde vejo gente a entrar e a sair. Chegam, sentam-se durante uns meses, vão embora e nunca mais voltam. Tenho só sete anos de profissão e ainda assim, ainda assim, sou o mais antigo, sem ser o mais velho.

Nunca experimentei detestar as pessoas com quem trabalho. Claro, há gente que recebe um esforçado "bom dia", mas não nego uma graçola a ninguém, nem respondo mal ao pior dos javardos. Tendo a fazer-me de ingénuo, simplesmente para não ter que passar o dia (os dias) na mais ridícula ginástica mental de que há memória.

A um amigo, com quem nos trocámos de razões, deixamos de telefonar, de aparecer. Com um colega, nada feito. Amanhã voltamos a vê-lo.

Somos hipócritas no trabalho, sim. Seremos, eventualmente, metade de nós próprios. Ainda assim, prefiro ver uma parcela de mim, a imaginar entrar à porta e suportar 12 horas de um Auschwitz de paredes brancas.

Felizmente existem aqueles "camaradas" com quem conversamos, trocamos e-mails idiotas e bebemos café. Podemos não saber nada da vida pessoal deles (a não ser o que o tempo de convívio obrigou a conhecer), mas sabemos perfeitamente que cara fazem quando não querem ser incomodados.

No fundo, vivemos com eles. Partilhamos a casa, temos um microondas comum e tomamos as refeições juntos. Usamos a mesma casa de banho e limpamos o cu ao mesmo papel.

E tenho dito (ponto)

Tenho uma editora francesa à espera de um artigo de opinião. Usei a desculpa mais disparatada do mundo, quando a demora é apenas por um motivo: Falta de assunto.

31 de outubro de 2007

De amigo

Conselho de amigo: Não estejam sete anos sem fazer exercício físico relevante, porque no dia em que mudarem de ideias o vosso corpo dá de si e ficam, acreditem, pela hora da morte.

30 de outubro de 2007

De Brown

Eu sabia que o Gordon Brown, cedo ou tarde, faria das dele. Também o sei capaz de tudo para agradar ao autor e aos leitores deste blog.

Com que então o actual residente de Downing Street recebe, por estes dias, o rei da Arábia Saudita. Portanto, o mesmo governante que se recusa a vir a Lisboa por ocasião da Cimeira Europa - África, invocando incompatibilidade com Robert Mugabe, é o mesmo que faz vénia ao líder político de um dos estados que mais apoia financeiramente actividades terroristas internacionais. É coerente, não é?

De resto, Brown é especialista na arte do "faz o que eu digo, não faças o que eu faço", ainda que nem as palavras do Primeiro britânico possam ser levadas muito a sério. Afinal, estamos a falar do mesmo suejeito que prometeu eleições legislativas antecipadas, até ao momento em que as sondagens mostraram que talvez os Trabalhistas perdessem essa corrida eleitoral.

A política é javarda, sim. Contudo, o que destingue um político de má memória, de um estadista, na lata dimensão do termo, é também (ainda que não só) a coerência de pensamento e a dignidade dos actos.

Receber um apoiante de causas terroristas, na mesma altura em que se faz uma birra diplomática, não é apenas deselegante. É também um tiro nos pés, de um homem sem perfil. Uma figura sem classe.

Evidência

Tornámos o mundo um sítio tão estúpido.

28 de outubro de 2007

Sinal exterior de inexistência de vida:

Ir ao clube de video , sábado à noite, e sair de lá com 4 filmes. Chegar a Domingo e já os ter visto todos.

25 de outubro de 2007

A Marcha e o Luís Gaspar

O meu caro Luís Gaspar, dono de uma das vozes mais conhecidas do país, mantém na internet um espaço chamado de Estúdio Raposa, onde divulga textos que vai encontrando aqui e acolá. No Estúdio do Luís há um lugar para "Os Outros".

Curioso em ouvir-me na voz de outrem, não antevendo o resultado, enviei alguns trabalhos meus, publicados aqui neste blog.

A ousadia funcionou e o Luís Gaspar deu-me a honra de emprestar a sua voz às minhas divagações inconsequentes.

Importei para o podcast da Marcha uma versão por mim editada do programa. Dos três textos lidos originalmente, mantive apenas um. Se tiverem curiosidade (em saber quem é o Luís Gaspar, claro), espreitem.

Basta clicar no botão:

PS - Quem quiser espreitar a versão completa: http://www.estudioraposa.com/ (Lugar aos Outros 69)

23 de outubro de 2007

A Marcha interventiva: Carta enviada ao Provedor do Cliente do Millennium bcp


Exmo Senhor,

Na sequência das notícias vindas a público sobre o perdão da dívida ao filho do Sr. Dr. Jardim Gonçalves, na qualidade de cliente do vossa instituição bancária e havendo uma dívida firmada a uma credora, debitada mensalmente na minha conta à ordem, em consequência da viatura que adquiri em 2006, solicito o pagamento da mesma, por respeito à igualdade estatutária com que os vossos clientes são tratados.

Acontece que o meu pai não é rico e eu não ganhei a lotaria... ah, esperem, isto é de outro banco. De resto, devo dizer que tenho um familiar que é praticamente dono de um banco... gaita, isto também não é daqui.

Bem, estou certo que Vossa Ex.a compreende a dimensão do meu pedido. São para aí uns €15 000 e o dinheiro da prestação dava-me um jeito danado para "comprar um pequeno T2", que da forma como os juros andam, não dá mesmo para mais.

Devo dizer que a mim não me chocou esta história do "oh pai dá lá um jeitinho". Aliás, até acho que fica bem a um banco mostrar que é fofinho para os clientes. Depois, só não somos todos filhos do Jardim Gonçalves por acaso de fecundação.

Também preciso de uma capa nova para o telemóvel. Por favor...

Muito obrigado pela atenção e cuidarei de viver à grande. Chiça, vocês dão-me mesmo "asas para voar". Boa!



Cordialmente e um abracinho,


22 de outubro de 2007

Banksy

Foi no blog do Carlos Moura que encontrei o trabalho do rapaz que agora apresento aos Marchistas. Assina Banksy e dá corpo àquela conversa da "arte de rua".

Oh seres vis que pintais paredes, olhai para ele e entendei...




19 de outubro de 2007

Notas da Cimeira Informal da UE

O Sarkozy divorciou-se na véspera e quando chegou à Cimeira toda a gente olhou para os monitores para ver se estava com aspecto de ter sido doloroso.

O Ricardo Costa, director da SIC Notícias, anda a atirar os pés para a freguesia do lado e tem o estranho hábito de limpar o salão com uma frequência para lá da média.

Num recantos, os empregados da limpeza mudaram o plasma de programa: da rede interna para a Praça da Alegria.

Os Polacos são muito sujos (e estou sentado ao lado deles).

Os jornalistas ingleses são insuportáveis.

O leitão é de negrais.

16 de outubro de 2007

Novidade dos videojogos

Ainda não tinha aqui comentado o facto de Luís Filipe Menezes ser o novo presidente do PSD. Não o fiz porque faltava algo de jornalisticamente relevante no facto. A notícia surge agora.

Como todos os partidos, o Partido Social Democrata tem um portal na internet. O endereço funciona como um local de (re)união dos militantes, ideal para se saber das últimas da social democracia.

Em http://www.psd.pt/ há um espaço reservado aos "Jogos" (cito para que percebam que não estou a inventar nada). É nesse espaço de "Jogos" (volto a citar) que os militantes podem passar o tempo, enquanto esperam que a as coisas entre o Santana e o Menezes corram mal. Afinal, e vou voltar a citar, "o PSD acredita que também se pode fazer política com humor".

Os jogos, ao melhor estilo dos 80's, recuperam e reformulam pérolas dos 386 que todos tivemos, com o Windows 3.11. Digo "reformulam", porque qualquer partido que queira uma nova Constituição da República sabe que a mudança começa nos videogames.

Trago até aqui apenas um exemplo: Orange Destroyer.

"Há muito muito tempo numa galáxia não assim tão longe, o Planeta Portugalis viu-se subitamente atacado pelos terriveis RosaOids. A última esperança de salvação é o combativo Orange Destroyer, uma nave que só você sabe pilotar. Destrua o invasor e salve o planeta Portugalis. O futuro da galáxia está nas suas mãos. "


Pessoalmente, com uma oposição assim, fico muito mais confiante no futuro do país.

12 de outubro de 2007

De Fátima

Gastar 70 milhões de euros com uma igreja, valor tão disparatado pelo luxo que a obra encerra em si, é não só um extravagância, como também uma negação dos valores de humildade, simplicidade e desprendimento material que Cristo ensinou.

As obras foram pagas com as doações feitas pelos peregrinos? Não tenho a menor dúvida de que um bom cristão gostaria muito mais de ver o seu pouco ser transformado em muito, por intermédio de obra social.

A ostentação que o catolicismo revela, presente no luxo de alguns templos, no requinte de certas vestes, na incredulidade de determinadas hierarquias, espelha uma desvalorização dos princípios do cristianismo, em prol da manutenção de um status quo que mais não faz do que afastar as pessoas da fé.
Talvez seja pelo exposto que, sentido-me cada vez mais próximo de Cristo, encontro-me, cada dia, um pouco mais distante daqueles que não conseguem, sabem ou querem, traduzir em actos as palavras ensaiadas.

10 de outubro de 2007

Fundamentalismos

Tenho para mim, do mais profundo do meu coração, que depois de uma certa entrevista que fiz ontem, só vou conseguir voltar a sair à rua com protecção policial. Eu já sabia que a dada altura o ambiente ia aquecer, com direito ao insurgimento, do topo da ofensa auto-infligida.

Perguntar a alguém se assume a relação do grupo político que representa a um movimento de extremistas nazis, mesmo adivinhando-se a negação, com uma expressa e expressiva indignação, não tão bem disfarçada como a solenidade do momento impunha, dificilmente garante um bom resultado final.

São sombrios os caminhos do extremismo. Na modernidade, causa ou consequência, pegam-se em chavões do passado, recuperam-se conceitos, mais que ideologias, provavelmente desconhecidas. Os marxistas não leram Marx. Os nazis ouviram falar de Hitler primeiro no canal História, no zapping da Sic Radical para o Extreme Sports, e depois no blog de um qualquer purista de raça, que usa a rede para impestar cabeças mesquinhas de disparates maiores do que o seu ego, já de si devidamente estimulado ao melhor da punheta de espírito.

Não sei o que me incomoda mais: o que dizem ou a consciência de que acreditam mesmo naquilo. Partilham, linhas gerais, uma superioridade suposta, falando sempre com uma enorme assertividade, como se o mundo inteiro coubesse em duas ou três frases.

Os de direita acham que a moral foi comida por pretos, ciganos e brasileiros. Os de esquerda discordam: a moral existe e está com eles.

Não fora o facto de os seus fundamentalismos colidirem com o meu direito à escolha e de darem cabo da minha noção de tolerância e eu não precisaria de estar para aqui a argumentar. Há uma lógica de intransigência dogmática que deita por terra a partilha democrática, das gentes de ideias claras.

Indigno-me, barafusto e refilo, claro que sim.

Sobre a morte, apenas isto...

Para ser brilhante, basta morrer.

4 de outubro de 2007


Assinala-se hoje o Dia do Animal. A coisa já acontece desde 1935, embora em Portugal passe absolutamente despercebido, vai-se lá saber porquê.

A RTP, ao invés do povão, tem obrigação de saber este tipo de, vá, "coisas". Deve, como estação de serviço público, educar... e é isso que faz! Hoje, a RTP assinala o dia do animal com uma tourada.

O Matvey, não se conteve...


Exmo Senhor Provedor,

Poderia alongar-me sobre o tema das touradas, tentanto perceber qual a ideia subjacente a um ritual satânico, de humilhação pública de animais indefesos, para mero deleite humano, ao melhor estilo romanesco, dos princípios da civilização. Não o vou fazer.
Prefiro usar este canal para questiona-lo sobre o critério que se esconde na decisão de uma direcção de programas que assinala o dia do animal (hoje, 4 de Outubro) com a transmissão de uma tourada, em directo do Campo Pequeno.

Também aqui poderia voltar às touradas e ao facto de se usar património público como palco de carnificina animal. Mais uma vez não o vou fazer.

Portanto, podemos depreender que, segundo o serviço público de televisão, a melhor forma de lidar com a problemática da protecção animal é aniquilar os bichos cornudos.

Defender os direitos dos animais não é mero fundamentalismo. Promover uma tradição cruel e injustificada, para mero deleite cultural de uma minoria, de farto bigode e unha mindinha comprida, é desrespeito pela data, assinalada desde 1935, e pela inteligência dos espectadores que, digamos, não sendo programadores, percebem que há coisas que não combinam (imagine-se a Praça da Alegria apresentada pela Ana Sousa Dias).



Cordialmente,




3 de outubro de 2007

Do Catolicismo

A modernidade tem destas coisas. Tenho o hábito de enviar mensagens de correio electrónico a torto e a direito. Reclamo, acuso, digo e não me calo.

O último e-mail que enviei foi para um bispo e para um padre. Exactamente o mesmo texto, com reflexões pessoais sobré fé, a minha fé. Carreguei no send sem espererar uma resposta, pelo menos da eminência, que julguei demasiado ocupada com as aparições.

Enganei-me.

O e-mail obteve resposta. Do sacerdote, primeiro. Do bispo, depois. O conteúdo da mensagem original e da resposta que dela surgiu não interessa para o caso. Destaco apenas o tom descomprometido da mensagem recebida. Num caso como noutro, para minha confessa surpresa, a linguagem foi cordial e as palavras de compreensão. Não negando o rigor da doutrina, abriu-se um espaço ao diálogo fraterno entre quem pergunta e quem responde. Li sobre amor, sobre compreensão, diálogo e entrega. Recebi um convite a um encontro presencial.

Podemos, continuamos, a discordar do fundamento. Concordamos na urgência de debater ideias. Há muito tempo que o catolicismo não me surpreendia tanto como hoje.

Hiro e eu

As semelhanças são evidentes... eu sou, positivamente, a cara chapada deste gajo. Tirem-lhe o toque oriental e temos o Matvey no seu melhor.

O David Fonseca

Dos que cantam, eu já entrevistei metade. Nenhuma conversa foi, contudo, tão platónica como a que tive hoje com o David Fonseca. Falámos, inclusive, da inexistência do inspiração, para lá do conceito.

O David Fonseca entrou de casaco escuro e t-shirt vermelha, com uns óculos tipo moscardo.

É inteligente, sim. Demasiado complexo, porém.

28 de setembro de 2007

O Tal & Qual


Hoje morreu mais um jornal. O Tal & Qual, fundando em 1982 por Joaquim Letria, fez chegar às bancas o derradeiro número, de uma história que se escreve com 1423 primeiras páginas.

Quando surgiu, ainda virgem, nos quiosques, num clima completamente diferente, muito mais propício a quem queria fazer jornalismo (mas jornalismo mesmo), o jornal propôs-se a mudar o panorama da imprensa em Portugal. Os fundadores sabiam que bastava acreditar ser possível criar um produto para lá do institucionalismo dominante.

A minha relação com o defunto T&Q remonta aos primeiros anos de vida do jornal: Assim que aprendi a ler, aprendi a lê-lo todas as sextas-feiras. O meu pai comprou-o desde o primeiro número. "Faltaram-me um ou dois", comentou. "É obra", respondi-lhe. Quem não lhe seguiu os primeiros anos não vai perceber o que significou o logótipo em tons laranja, que também foi programa de televisão.

A publicação de 'cachas' que abalaram a moral de um país cinzento, de velhas de bigode, costumes pacatos e promiscuidade disfarçada não é 'cousa' que se apague da memória colectiva.

Recordo-me sempre da história da D. Branca e ontem voltei a passar em revista as páginas desse número histórico.Na última década, o Tal & Qual tornou-se uma sombra de si mesmo. Perdeu entusiasmo, ao mesmo tempo que deixou fugir a garra que lhe deu lugar certo nas manhãs das sextas. Desinvestiu-se no jornalismo pensado, trabalhado.

O semanário fez-se folhetim, relator da notícia rápida de secretária. Com uma redacção presa ao imediato, a irreverência do desprendimento foi rapidamente substituída pela imediato da transcrição.

Um jornal fechado em si mesmo é um produto igual a tantos outros. O jornalista refém da redacção, sem a autonomia da pergunta, a exigência do confronto, é um gestor de conteúdos, obrigado a dactilografar 28 páginas do que quer que seja.

Jornais que abrem e jornais que fecham são a consequência natural de um mercado pequeno, armado em gente grande. Num país que não lê, no meio de um 'povão' que não quer, simplesmente, saber, ser-se medíocre é fácil. O problema é ser medíocre, convencido de que se é bom.

Nos últimos anos vi fechar a Capital, o Comércio do Porto, o Independente e agora o Tal & Qual. Todos eles desapareceram por um motivo: Não tinham leitores e sem leitores não há vendas, sem vendas não há publicidade, sem publicidade não há receita, sem receita não há jornal. Em comum, o facto de terem sido grandes à sua escala e deixarem a grandeza escapar.

O Miguel Esteves Cardoso disse certo dia que um jornal não tem que durar para sempre. Acrescento que é preferível desaparecer no momento em que deixa de fazer sentido. Reinventar um jornal só porque sim é condena-lo a um lento definhar, a uma morte dolorosa.

Como jornalista, acredito hoje um pouco menos na profissão. Tenho pena, essencialmente, pelos oito colegas que aguentavam 9000 exemplares vendidos. Eles, agora, como eu, um dia, vão passar recibos verdes para outro lado.

27 de setembro de 2007

LEAVE BRITNEY ALONE!

O rapaz que aparece no video é um fã de Britney Spears. Muito emocionado com o que tem acontecido em torno da sua quenga, o jovem decidiu expressar ao mundo tanta indignação.

Rapaz, lidar com os problemas é o primeiro passo para a sua resolução.

26 de setembro de 2007

Leave Britney alone... por favor

O post que devia estar aqui, está em cima por mera parvoice do autor.

Não podia ter apagado este? Podia. Mas assim não tinha com auto flagelar-me

25 de setembro de 2007

Diz ele e digo eu

"No nosso país não há homossexuais"
Disse Mahmoud Ahmadinejad.
"Na minha empresa também não"
Digo eu.

23 de setembro de 2007

Conselho laboral

Sempre que o vosso chefe proferir uma ordem considerada disparatada, a resposta a dar é a seguinte:

"Oh chefe, isso é jactância de ardilosos palradores ao serviço da bazófia ululante de certa cáfila arisca!"

20 de setembro de 2007

A propósito da saída de Mourinho do Chelsea


Diz a Segurança Social que as condições para atribuição do subsídio de desemprego são as seguintes:

- Ter estado vinculado por contrato de trabalho

Confere. Tinha um contrato e até bastante cobiçado.

- Verificar-se inexistência total de emprego.

Confere. Está desempregado, tem mulher, filhos e uma cadela para sustentar.

- Estar em situação de desemprego involuntário.

Confere. Ele diz que saiu de livre vontade, sabemos que é mentira. Foi corrido pelo 'padrinho'.

- Estar inscrito para emprego no Centro de Emprego da área de residência.

Confere. Fonte do centro regional de Setúbal já confirmou ter recebido a inscrição do treinador português, que deve agora iniciar formação intensiva de italiano.



Por outro lado, diz a legislação em vigor que o subsídio de desemprego diz respeito a 65% da remuneração de referência. Assim, tendo por base os €10 000 000 de ordenado auferido por Mourinho, o valor mensal do subsídio deve rondar os €541 666, contas por alto.

Rotina

Quando saio de manhã, por esta altura do ano, ainda é de noite. Nos 100 metros entre a porta do prédio e o estacionamento, trajecto para demorar 20 segundos a percorrer, gosto de olhar as janelas iluminadas. São vulgarmente cozinhas e quartos de dormir. A luz branca adivinha leite morno e pão quente, ao passo que o estore a meio tom preconiza um sonolento vestir.

No primeiro andar, duas almofadas refrescam do suor nocturno dos seus ocupantes. Fronha branca, sempre.

Do lado de lá, uma senhora que passeia o cão. Sempre à mesma hora, no mesmo local. Veste um roupão branco e calça uns chinelos. As noites deve estar mais frias: passou o Verão todo a mostrar as pernas e hoje saiu à rua de pijama comprido.

Ao virar da esquina, o senhor do R/C, segurança, veste fato cinzento, gravata vermelha, entrincheirada em camisa branca. Põe a Renault a trabalhar enquanto espera mulher e filha.

Faço que digo bom dia ao cenário matinal. Afinal, são as primeiras pessoas acordadas que encontro às 6:45. Há tantos anos que acordo às seis, que deixei de ter sono. Menos, por certo, do que o sujeito mal vestido que espera o autocarro para Cacilhas, curvado sobre si mesmo, fisgando o que sobra do orvalho da noite.

Deles conheço o rosto, um ou dois hábitos e pouco mais. No essêncial, são meus vizinhos e é tão reconfortante sabe-los ali, como inquietante imaginar quebrada a rotina.

Faço a curva e entro na nacional. Daí em diante é estrada, urbanidade e pouco mais.

17 de setembro de 2007

Sócrates nos EUA: evidência

A propósito da recepção de José Sócrates na Casa Branca, fui só eu a achar que o Primeiro tem problemas com a lingua inglesa? É que depois da novela com a cadeira de Inglês Técnico, o homem não ficou muito bem da fotografia.

Digam-me se isto não é hipotecar o futuro do país:

Procura-se:
- Empatia desportiva (especialmente Futebol)
- Disponibilidade para trabalhar em todos os seguintes turnos de forma rotativa (Turno 1: 10h00 às 14h00; Turno 2: 14h00 às 19h00; Turno 3: 19h00 às 24h00) e ao fim-de-semana
- Conhecimentos de informática na óptica do utilizador
- Forte sentido de responsabilidade
- Facilidade de aprendizagem.

Local: Linda-a-Velha
Duração: 6 meses
Oferece-se: Subsídio para Despesas (150€)

Excelente ambiente de trabalho

Disponibilidade: Imediata






Já o disse aqui uma vez, num artigo sobre o estado do jornalismo. As empresa de comunicação que desconsideram o facto humano, abdicam da força da vontade, pelos trocos da necessidade. Vai mal a profissão e mal vai o país.
Porque é que os manifestantes anti-transgénicos têm todos aspecto de quem fazia melhor figura se aproveitasse a água da rega para tomar banho?

14 de setembro de 2007

A propósito do "murro" do seleccionador nacional ao jogador da Sérvia

Ricardo Araujo Pereira comentou dia 13 a cena de pancadaria:




Dia 14 voltou a comentar:




Os videos têm a sua piada, até porque ele é, em geral, engraçado. Agora, Ricaro, amor, a tua t-shirt é igual nos dois videos. Tu não mudaste de roupa de quinta para sexta-feira?

O membro do Tony Ramos

O Tony Ramos tem pelos até no...

13 de setembro de 2007

Ainda a polémica do campo de milho transgénico invadido no Algarve: O video da entrevista de Mário Crespo a Gualter Baptista

Dias depois de um grupo de meninos mimados ter usado da cobardia, ofuscada pelo anonimato dos panos que poupam aos pais a vergonha de terem criado um filho para aquilo, para destruir um campo de milho transgénico, Mário Crespo levou Gualter Baptista ao Jornal das 9, na Sic Notícias.

A entrevista resultou em algum polémica, com alguns conservadores da profissão ou simples opinadores do todo, pedagogos de um jornalismo travestido de isenção, a demonstrar incompreensão pelo tipo de entrevista conduzida pelo experiente pivot.

Devo dizer que admiro o Mário Crespo. Conheço-o pessoalmente, embora não tenha trocado com ele mais do que palavras de circunstância. O jornalismo do Mário Crespo, ao melhor estilo norte-americano, viola 90% das regras do jornalimo de academia. Contudo, o que ele fez foi perguntar àquele sujeito, homem de ideias que chocaram o país, o que devia ser perguntado.

Crespo conseguiu fazer aquilo que eu próprio procuro fazer quando exerço: quebrar protocolos e perguntar o que o decoro impede. No caso, pecará pelo exagero de estílo. Ganha, certamente, na substância.

Editei o original da entrevista, com mais de trinta minutos, apresentando no video que acompanha o post um compacto de cerca de oito minutos. A ver e tirar conclusões.

12 de setembro de 2007

Devia ter sido médico (ou serei apenas um grande idiota?)

As séries são coisas fantásticas. Hoje em dia são tão bem escritas, realizadas, pensadas que quando gostamos de um formato e o seguimos, é melhor do que um bom filme... não acaba nunca.

Por ordem de preferência, estas são as "minhas":








Na animação, duas escolhas:


11 de setembro de 2007

O Palma e a Linda (ai linda, ai linda)

Um tal de Filocas pegou no single do Palma, Encosta-te a Mim, e decidiu que o tema era a banda sonora perfeita para uma homenagem à Linda, quem quer que ela seja. Reparem no decote, nas formas, nos lábios e no sinal. Podia ser mais perfeito? Não podia.

10 de setembro de 2007

Morrer

A morte de alguém ligado à cultura e às artes é momento de climax na blogosfera. Os bloggers deliram com o tombo de alguém famoso. É no fundo a oportunidade de ouro para fingir uma personalidade iluminada pela nata pensante. Recentemente, foi assim com Prado Coelho e depois com Pavarotti.

O país que vê os teledramas da TVI é o mesmo que consegue encontrar emoção na morte das elites?

A mim soa-me tudo a oportunismo intelectual.

T2


Então e a campanha de credito à habitação do Millennium BCP?

Primeiro, se o Ricardo Azevedo não tivesse sido vocalista dos Ez Special, nunca teria gravado um disco pela Universal. As faixas são, em geral, de uma linguagem que só encontra paralelo nas redacções que eu fazia na 3ª classe.

Segundo, de entre todos os temas mediocres, o "Pequeno T2" é o pior.

Terceiro, que banco (ou que agência) imagina uma campanha publicitária baseada na ideia de que com o Millennium BCP vamos todos virar a vida de pernas para o ar, esforço necessário para comprar um pequeno T2. Então eu 'boto' as tripas de fora e o máximo que consigo é um apartamento com dois quartos? Ponho os putos a dormir num beliche? E se me nasce um casal? Por favor, para casas pequenas vou aos classificados do Correio da Manhã, não ao banco.

Como se não bastasse a casa apertada, sobra a história do "carro com tecto de abrir". Toda a gente sabe que os carros com tecto de abrir ficam cheios de lixo e cocó dos pombos.

Ao Ricardo resta o consolo de ser a única estrela de publicidade a escolher "ser feliche".